Mercantilização: Anhanguera e Estácio têm aumento de receita e lucro
A alta inadimplência no país não está provocando impactos fortes no setor de ensino superior privado e companhias como Anhanguera e Estácio, que divulgaram seus balanços ontem, mostraram crescimento e lucro no segundo trimestre, mesmo desconsiderando as aquisições.
A área de educação é facilmente atingida por calotes porque a legislação não permite a expulsão de alunos por falta de pagamento durante o período letivo. E a multa por atraso de pagamento da mensalidade é baixa.
Na Anhanguera, a provisão para débitos duvidosos (PDD) no segundo trimestre somou R$ 27,3 milhões, o que representa 6,8% da receita líquida. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 5,8%. “Esse pequeno aumento na PDD reflete o atual cenário econômico, mas não está fora dos nossos padrões e projeções”, explicou Ricardo Scavazza, presidente da Anhanguera.
Na Estácio, o índice de provisão aumentou de 6% para 8,8% da receita líquida no segundo trimestre. Essa elevação na PDD é reflexo de aumento na inadimplência de alunos no último semestre de 2011. Tanto a Estácio quanto Anhanguera provisionam 100% das mensalidades com atraso superior a 180 dias. Como a inadimplência na Estácio foi alta no segundo semestre do ano passado, as provisões foram efetivadas neste ano.
“Fomos bem rigorosos com alunos inadimplentes. Pela primeira vez, negativamos alunos que ainda estavam matriculados. Com isso, a evasão aumentou”, disse Rogério Melzi, presidente da Estácio. A evasão de alunos de cursos presenciais por conta de uma cobrança rígida aumentou 40%. “A contrapartida dessa política é que tivemos neste primeiro semestre um fluxo de caixa de R$ 38,2 milhões. No mesmo período do ano passado, nosso fluxo era negativo de R$ 38 milhões”, complementou o executivo. Os dois grupos de ensino têm incentivado alunos inadimplentes a acessar o Fies, a linha de financiamento estudantil do governo federal.
Na Estácio, a receita líquida registrou um crescimento orgânico de 16%, atingindo R$ 290 milhões, e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) saltou de R$ 23 milhões para R$ 38 milhões entre abril e junho.
Na Anhanguera, a receita líquida somou R$ 320 milhões, alta de 20%, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia quase dobrou para R$ 96 milhões, sem considerar as faculdades adquiridas.
Levando-se em consideração as aquisições, os números são ainda mais expressivos. Na Anhanguera, que comprou a Uniban em setembro, o lucro líquido triplicou. Na Estácio, que fez um número de aquisições menor e os resultados sofreram menos impactos, o lucro mostrou aumento de 91%, atingindo R$ 15 milhões.
A Anhanguera ainda sofre com uma margem Ebitda apertadas, que caiu de 18,7% para 17,2% no segundo trimestre deste ano, por conta das aquisições. No último ano foram 12 compras. “Nossa margem bruta das faculdades adquiridas em 2007, que já passaram pela consolidação, é de 42,4%. Nas aquisições recentes, esse percentual é de 21,5%. Com isso, temos potencial para dobrar nossa margem”, explicou Scavazza. Ele destacou que este ano não pretende fazer aquisições e que somente em 2013 pensa em voltar as compras. Ainda assim, serão negócios menores.
O presidente da Anhanguera informou ainda que mantém sua projeção de um Ebitda de R$ 330 milhões e geração de caixa (após investimentos) de R$ 150 milhões para este ano. “No primeiro semestre, já atingimos 54% do Ebitda e 66% da geração de caixa”, disse.
Fonte: Valor Econômico