Militares golpistas arrotam ameaças contra oposição
A aposta do presidente genocida no golpe está ecoando no meio militar. Com uma visão invertida da realidade, o presidente do Superior Tribunal Militar diz que Bolsonaro “é um democrata” e que oposição está “esticando demais a corda”
Para o presidente do Supremo Tribunal Militar (STM), general Luis Carlos Gomes Mattos, Jair Bolsonaro não é uma ameaça à democracia. Em entrevista concedida à Veja, ele defendeu o governo, atacou a oposição e alertou: “Quem está contra logicamente vai esticar essa corda, como se diz, até que ela arrebente”.
Inversão da realidade
“O presidente Bolsonaro é um democrata, fala com o palavreado do povo, mas nada disso com a intenção de quebrar as estruturas, destruir as instituições, dar um golpe”, disse.
Questionado sobre sua avaliação do governo, o presidente do STM disse que “não deixam” Bolsonaro governar: “Quem critica Bolsonaro faz isso de manhã, de tarde, de noite. Tudo atribuem ao presidente. Tudo de errado. Será que você aguentaria isso? Que reação eu teria? Não sei. E alguma coisa boa atribuem? O Brasil está crescendo, a economia está crescendo, mesmo com todas as dificuldades. Não tenho dúvida de que estão esticando demais a corda”.
O general enxerga a realidade com óculos bolsonaristas temperados na indústria de Fake News. Não enxerga o desemprego em massa, o arrocho dos salários nem o meio milhão de mortos provocados pela política sanitária genocida do governo Bolsonaro. Parece que estamos no melhor dos mundos, o que não deixa de ser verdade para as camadas mais afortunadas da sociedade, os ricaços que exploram a miséria do povo.
Golpismo no meio militar
Apesar de sua defesa do governo, o general negou que as Forças Armadas tenham sido “capturadas”. “Outro absurdo que dizem por aí é que as Forças Armadas foram capturadas pelo governo. Não fomos capturados por ninguém. Nós passamos quantos anos em governos de esquerda? As Forças Armadas se mantiveram fiéis ao presidente, que é o comandante em chefe das forças, seja ele de que ideologia for”, afirmou.
É outra afirmação que não tem correspondência com a realidade. Os militares, protagonistas do golpe de Estado de 1964, também respaldaram o golpe de 2016, como revelou o golpista Michel Temer em livro, e pressionaram o STF para manter a prisão e a inelegibilidade do ex-presidente Lula em 2018, o que viabilizou a eleição de Jair Bolsonaro. A vocação golpista no meio militar brasileiro é uma patologia que tem raízes históricas e ainda não foi extirpada.
As mensagens do general Vilas Boas na véspera do julgamento de um Habeas Corpus a favor de Lula pelo STF são conhecidas e, igualmente, mostram que a imagem de neutralidade política dos militares é uma falácia ou mais uma Fake News criada com o propósito de ludibriar a opinião pública.
Multidões revoltadas com a morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, constrangeram os generais a adiar por 10 anos a consecução do golpe de Estado contra o povoMilhões nas ruas no cortejo fúnebre de Tancredo Neves, em abril de 1985, intimidaram militares golpistas, garantiram a posse de José Sarney e a transição à democracia.
A história nos sugere, com fatos como a reação popular ao suicídio de Getúlio Vargas e a memorável campanha das Diretas Já, que o que pode conter o ímpeto golpista de alguns generais é o povo nas ruas. Foi o que derrotou o regime militar, devolvendo os generais aos quartéis, e garantiu a posse de José Sarney após a morte (e o histórico cortejo fúnebre) de Tancredo Neves.
Com 247