Sem mencionar Trump, Lula critica ‘tarifas arbitrárias’ contra a América Latina

Na CELAC, presidente alertou que 'tentativas de restaurar hegemonias antigas emparelham em nossa região'; outros líderes também defenderam unidade frente políticas trumpistas

Em discurso realizado nesta quarta-feira (04/09), durante a 9ª Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) , o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o que chamou de “tarifas arbitrárias contra a América Latina”.

O mandatário brasileiro não citou nominalmente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante sua participação no evento realizado em Tegucigalpa, capital de Honduras. Porém, seu comentário soou como uma alusão ao pacote tarifário anunciado pela Casa Branca há uma semana .

Segundo Lula, “ as guerras comerciais não têm vencedores ” e a imposição das tarifas deve ser enfrentada em conjunto pelos países da América Latina e do Caribe.

“Agora, nossa autonomia está novamente em cheque. Tentativas de restaurar hegemonias antigas emparelham sobre nossa região. Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão de superpotências. O momento exige que deixemos nossas diferenças de lado”, alertou o presidente.

Alusão a Bachelet

Em outro momento do discurso, Lula defendeu que a Organização das Nações Unidas (ONU) deve eleger uma mulher como sua próxima secretária-geral, como forma de “resgatar a sua adição”.

A declaração soou como uma alusão à ex-presidente chilena Michelle Bachelet , cuja candidatura foi ventilada dentro da organização.

“A CELAC pode contribuir para resgatar a reparação da ONU elegendo a primeira mulher da organização”, ressaltou o presidente brasileiro.

Além de ter governado o Chile por dois mandatos (2006-2010 e 2014-2018), Bachelet foi a primeira secretária-geral da agência ONU Mulheres, entre 2010 e 2013, e alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, entre 2018 e 2022.

O atual secretário-geral da ONU é o diplomata português António Guterres, que iniciou seu segundo mandato em janeiro de 2022. Seu substituto deverá ser eleito em 2026.

Defesa da unidade

Lula não foi o único chefe de Estado a defender uma realidade unida da América Latina contra a guerra tarifária de Trump.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que os países da região devem “atuar em bloco, aproveitando esta aliança que é essencial para enfrentar os efeitos da guerra comercial e fortalecer a nossa posição conjunta no cenário global”.

Já a presidente do país hospedado, Xiomara Castro, criticou a “ordem neoliberal que busca se importar a países soberanos, com medidas que visam redesenhar o mapa econômico de diversas nações, sem nenhum tipo de diálogo”.

“Em momentos como os que vivemos hoje, a CELAC deve ser uma ferramenta de emancipação, cooperação soberana, justiça ambiental, em favor do socialismo democrático e da autodeterminação”, disse a presidente de Honduras.

Ausências e presenças

Apesar dos discursos de unidade, o evento contou com a ausência dos três presidentes de extrema direita da região: Javier Milei (Argentina), Nayib Bukele (El Salvador) e Daniel Noboa (Equador).

Outros mandatários da América do Sul que faltaram ao encontro foram Gabriel Boric (Chile), Santiago Peña (Paraguai), Dina Boluarte (Peru) e Nicolás Maduro (Venezuela).

Pela América do Sul, estiveram presentes, além de Lula, os presidentes Luis Arce (Bolívia), Gustavo Petro e Yamandú Orsi (Uruguai).

Outros nomes destacados que compareceram ao envelope foram o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e a presidente do México, Claudia Sheinbaum – que teve um encontro bilateral com Lula antes da reunião oficial dos chefes de Estado.

Com informações de TeleSur e RT

Do Opera Mundi

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