Sinait lembra Chacina de Unaí e exige punição aos culpados
A Chacina de Unaí completou 14 anos no domingo (28), sem que os condenados pelo crime fossem punidos. Durante toda a semana, Auditores-Fiscais do Trabalho realizam atos por todo o Brasil para lembrar a morte dos colegas Erastóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, assassinados em 28 de janeiro de 2004, durante vistoria a fazendas em Unaí, Minas Gerais.
Em razão disso, em 2009 foi criado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, celebrado em 28 de janeiro. A vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosa Maria Campos Jorge, falou à Agência Sindical sobre as dificuldades em punir os assassinos. “Não é possível um processo se arrastar por tanto tempo. São 14 anos. Existem provas suficientes para a condenação dos mandantes. São provas incontestáveis e não entendemos as razões dessa demora em julgar e condenar os culpados”, afirma.
Ministério – Com o comando do ministério ainda sem definição, Rosa Maria Campos abordou também as precariedades a que hoje estão submetidos os profissionais da categoria. “Há tempos sofremos com a retenção de orçamentos, equipamentos sucateados e péssimas condições de trabalho”, aponta.
“Com a falta de verbas nós não podemos, por exemplo, deslocar um fiscal ou uma equipe para qualquer lugar onde haja alguma irregularidade. O último concurso, realizado em 2013, abriu apenas 100 vagas em todo o Brasil. Esse número é insuficiente para cobrir a defasagem de pessoal que existe. Hoje, nós temos cerca de 500 fiscais que podem se aposentar. Caso isso aconteça, esse déficit será ainda maior”, ressalta Rosa Maria.
Observatório – Apesar das dificuldades, o trabalho dos auditores é reconhecido mundialmente. De acordo com o Observatório Digital do Trabalho Escravo, iniciativa do Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre 2003 e 2017 43.428 pessoas foram resgatadas em situações análogas a escravidão.
São Paulo – Os auditores fazem um protesto na quarta (31), em frente à Superintendência Regional do Trabalho, na rua Martins Fontes, 109, Centro, a partir das 11 horas. A categoria exige a prisão dos quatro empresários condenados como mandantes, mas que recorreram da sentença e continuam em liberdade.