Sinpro Campinas e Região: No seu 4º dia, Ciclo de Palestras dos CES promove debate sobre ‘Financeirização na Periferia’
Na manhã de quinta-feira (23), aconteceu o 4º encontro do Ciclo Nacional de Palestra Wagner Gomes, promovido pelo Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES), parceiro do Sinpro Campinas. A convidada do dia foi a professora Denise Gentil, que trouxe algumas reflexões sobre “Financeirização na Periferia”, suas características e sua abrangência e a mediação ficou por conta do Coordenador de Formação, Augusto Petta.
A convidada iniciou a palestra comentando que desde 1990, os ativos financeiros crescem exponencialmente, enquanto os ativos produtivos estagnam. Estes dados foram mostrados através de vários quadros gráficos que apontavam o Brasil como uma economia altamente financeirizada, o que favorece somente a elite do país.
Denise demonstrou também como a política econômica, no período de 2002 até 2015, aumentou o estímulo da demanda de produção, acarretando juros menores, melhores salários e ascensão de consumo para as classes mais baixas. E que em 2016, essa política social entrou em recessão, os salários voltaram a cair, o desemprego aumentou e o mercado financeiro retomou as altas lucratividades. Isso afeta diretamente a classe trabalhadora, empobrece as famílias e gera um endividamento que, em 2019 era de 60% e em 2021 está em 70%.
“Hoje, o lucro da produção é pequeno, as empresas não investem em máquinas e equipamentos. O lucro é dirigido ao mercado financeiro, a lógica do mercado é rentista”, disse a professora.
Em sua explanação, a palestrante também trouxe dados atualizados – da era Temer/Bolsonaro – sobre o endividamento das famílias, o comprometimento da renda familiar com os créditos que são oferecidos pelos bancos, as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras e o nível de inadimplência. Segundo ela, “são 70% das famílias brasileiras endividadas”.
E continuou dizendo que estamos vivendo um quadro dramático, os 3 pilares do endividamento das famílias neste tempos recentes são: enorme precarização do mercado de trabalho, reforma trabalhista, trabalhadores uberizados, teto de gastos para política social (saúde, educação, saneamento) e o patamar da taxa de juros no Brasil. “Trata-se de uma precarização estrutural”, apontou.
A professora Denise não vislumbra em curto prazo (12 meses) uma melhora da taxa de juros. Pelo contrário; a tendência, segundo ela, é continuar subindo pois estamos diante de um governo perdido e um ministro da economia pré-histórico. Os estudos demonstram que teremos o crescimento da recessão e um aumento de PIB para o próximo ano muito pequeno (margem de 2%). “É muito difícil ignorarmos estes políticos alienados, essa política econômica que está colocada, os preconceitos de todas as ordens. A opressão é enlouquecedora”, enfatizou.
Para finalizar, Denise disse que precisamos continuar a luta por uma educação libertadora, pela salvação de empregos e pelo socorro das famílias de trabalhadores e trabalhadoras: “temos que praticar uma ciência econômica que atenda a classe trabalhadora”.
Segundo os presentes, o encontro trouxe muito aprendizado e reflexões importantes para todos e todas.