Sinpro/RS: Mudança no resultado da eleição da Urcamp revolta estudantes
Recurso da chapa derrotada obteve redução do peso do voto dos alunos por considerar que eles são “clientes” e “passageiros”. Decisão provocou revolta e manifestações nos três campi da instituição
Estudantes do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp) protestaram na noite de terça-feira, 13, em Bagé, Santana do Livramento e Alegrete contra a decisão do Conselho Diretor da Fundação Áttila Taborda (FAT) que reduziu o peso dos votos dos estudantes para mudar o resultado do pleito.
A interferência no resultado das eleições para reitor da instituição provocou revolta nos campida instituição. No recurso, a Chapa 2 alega que os votos dos alunos deviam ser relativizados já que eles são “clientes” e “passageiros” na instituição. A crise foi levada nesta quarta-feira, 14, ao conhecimento do Ministério Público de Fundações.
Com faixas, cartazes, apitos e palavras de ordem que repetiam chamadas como “Passageiro é o teu cargo” e “Larga o osso, Lia”, e usando narizes de palhaço, os alunos fizeram uma ruidosa manifestação no campus central em Bagé, que concentrou a maioria dos estudantes. Também ocorreram atos em Livramento e Alegrete.
Cerca de 80 alunos ocuparam o saguão na entrada do campus de Alegrete para exigir que o resultado da eleição para reitor e vice-reitor, homologado no dia 5, seja respeitado pela Chapa 2, derrotada no pleito.
Os estudantes também criticaram a coordenação do curso de Direito que orientou os professores a darem aulas assíncronas para esvaziar as manifestações.
“Tivemos a participação de praticamente todos os alunos da instituição na terça-feira e nesta quarta vamos aumentar a pressão dos estudantes, que estão vindo dos outros campipara Bagé. Vamos manter as manifestações até uma decisão ser tomada”, ressaltou um representante dos dicentes.
“A maior indignação é com essa tentativa de diminuir para menos de 1% o peso dos votos dos alunos, alegando que somos só clientes e passageiros”, destacou o representante de um diretório acadêmico.
Os representantes dos alunos relatam que vêm sofrendo perseguição e ameaças junto com professores por se manifestarem sobre a crise. Por isso pediram para não serem identificados.
Mudança no resultado do pleito
A virada de mesa no resultado da eleição da Urcamp que provocou revolta entre estudantes e professores ocorreu na noite de segunda-feira, 12, após um recurso da Chapa 2, que obteve a alteração do cálculo dos votos.
Depois de quatro horas e meia de reunião, o Conselho Diretor da FAT/Urcamp acatou por 10 votos a 3 o recurso dos candidatos derrotados e deu a vitória à Chapa 2, da atual reitora Lia Quintana. Lia, que está terminando seu terceiro mandato na instituição, não respondeu aos contatos.
Pelo resultado da votação na eleição da Urcamp, os eleitos são os professores Antônio Evanhoé Ferreira de Souza Sobrinho (reitor) e Guilherme Cassão Marques Bragança (vice-reitor).
Ilegalidade e ilegitimidade
“O que aconteceu é totalmente ilegal. A reitora que encabeça a Chapa 2 é presidente da FAT e ela própria solicitou que a FAT desse o aval para um cálculo que não está no estatuto. Isso é uma ilegalidade. O Conselho pode até ter dado a vitória para a Chapa 2, mas legalmente nós seguimos eleitos e vamos recorrer”, afirma Guilherme Cassão.
Na tarde desta quarta-feira, os integrantes da Chapa 1 reuniram-se com o Ministério Público de Fundações para denunciar o caso. Cassão não quis comentar o teor do recurso que será apresentado ao órgão do Ministério Público que fiscaliza as fundações de direito privado do estado.
Para Gabriel Feijó, conselheiro da FAT que foi voto vencido no julgamento do recurso, a decisão não tem legitimidade e fere o estatuto da Urcamp. Segundo ele, a mudança de cálculo já havia sido rejeitada pela Comissão Eleitoral, a instância que tem legitimidade para julgar recursos relativos ao pleito.
Feijó lembra que pelo estatuto da Urcamp só devem ser levados ao conselho recursos sobre “casos omissos”, nos quais não se enquadra o questionamento do resultado do pleito uma vez que existe uma Comissão Eleitoral legítima. Ele acrescenta que a revisão da fórmula de cálculo da votação feita pleiteada pela Chapa 2 e acatada pelo Conselho também representa uma violação ao estatuto.
A presidente da comissão eleitoral, professora Lourdes Martins, afirmou que o recurso foi rejeitado pelo colegiado com base nos artigos 38 a 43 do estatuto da Urcamp.
“A comissão apenas zelou pela legalidade, considerando os votos brancos e nulos e desconsideramos a abstenção. O resultado só poderia ser o que proclamamos no dia 5”, disse em entrevista ao jornal Folha do Sul. Ela ressaltou que a comissão eleitoral não teve acesso à reunião dos conselheiros da