8 de março: Diretoras da Contee falam sobre a luta das mulheres e de toda a sociedade

50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia.

41% das mulheres que seguiram trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários afirmaram trabalhar mais na quarentena.

40% das mulheres afirmaram que a pandemia e a situação de isolamento social colocaram a sustentação da casa em risco.

58% das mulheres desempregadas são negras.

61% das mulheres que estão na economia solidária são negras.

91% das mulheres acreditam que a violência doméstica aumentou ou se intensificou durante o período de isolamento social e 8,4% delas afirmaram ter sofrido diretamente alguma forma de violência no período de isolamento.

Esses são alguns números destacados pela pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, desenvolvida pela Gênero e Número, organização de mídia que trabalha na interseção do jornalismo de dados, da pesquisa e do debate sobre direitos das mulheres, e pela Sempreviva Organização Feminista (SOF), organização não governamental ligada à Marcha Mundial de Mulheres.

Segundo o levantamento, disponível aqui, “as desigualdades raciais e de renda marcam a vida e o trabalho das mulheres na pandemia, assim como a diversidade de experiências de mulheres rurais e urbanas”. Neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, essa reflexão não pode ficar de fora. Um ano atrás, pouco antes do início das medidas de isolamento para tentar conter a pandemia da Civid-19, estávamos nas ruas, denunciando as violências e desigualdades de que somos vítimas — e as mulheres pretas, pobres e periféricas ainda mais vítimas do que as outras. Neste ano, lamentável e brutalmente, a pandemia está longe de ser contida e as violências e desigualdades de gênero também.

“É importante compreender como a pandemia estabelece, nesse contexto [de um governo que precariza o trabalho, que retira direitos, que destrói as conquistas e as políticas sociais] , um aprofundamento de todos os problemas das mulheres: problemas no trabalho, aumento do desemprego, trabalho informal, violência doméstica, sendo que a taxa de feminicídio aumentou 38% durante este período”, denunciou a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta. “Portanto, o 8 de março é uma data em que as mulheres devem gritar alto seu posicionamento contra essa política genocida do governo Bolsonaro. É preciso compreender que este mundo, em que se estabelece essa desigualdade que se aprofunda cada vez mais, é um mundo inaceitável.”

A coordenadora da Secretaria de Formação da Contee, Guilhermina Luzia da Rocha, destacou que “a educação tem um papel preponderante nesta luta”. “Construir de fato uma sociedade mais justa e igualitária, onde a discussão de gênero e da temática racial, principalmente dentro do currículo escolar, é fundamental. Construir uma educação escolar de fato emancipadora é pensar uma sociedade em que haja respeito entre homens e mulheres”, defendeu dizendo que essa é uma luta imprescindível numa categoria majoritariamente feminina como a da educação.

Por sua vez, entre as diretoras da Contee que deram seu depoimento, a coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais, Adércia Bezerra Hostin dos Santos, frisou que “ vivemos das mais diversas lutas que travamos para conquistar nossos espaços”. “Espaços que não disputamos, mas que construímos lado a lado de todo aquele que, junto conosco, quiser construir uma história melhor para um mundo melhor. Um mundo em que possamos ser justos e solidários, com todas, todos, todes. Que possamos, assim, transformar essa humanidade num espaço de homens e mulheres. E que a cada dia — e não apenas um dia — possamos comemorar que as diferenças foram superadas, que o machismo foi sufocado e que a misoginia simplesmente sumiu.”

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Por Táscia Souza

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