Bolsonaro ataca professores e sindicatos que defendem a vida
O presidente Jair Bolsonaro usou sua participação semanal nas redes sociais, nesta quinta-feira, 17, para atacar os professores e sindicatos que exigem procedimentos científicos para a volta às aulas com segurança sanitária durante a pandemia do covid-19. “Mais uma vez o presidente da República destila seu ódio e sua desconsideração com a educação e os(as) professores(as) – que demonstraram seu comprometimento e responsabilidade, revelando repetidamente seu heroísmo, trabalhando bem mais do que no presencial e tendo que enfrentar, juntamente com os pais, o descaso do governo com as desigualdades”, reagiu a coordenadora-geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto.
Sucateador da educação pública e do orçamento para o setor – pretende cortar mais R$ 1,5 bilhão do MEC em 2021 –, o presidente diz agora ser “inadmissível perdemos o ano letivo”. Mas Madalena contrapõe que “neste governo a educação sofreu o maior corte de orçamento; foi usada com intuito ideológico, com a indicação de ministros cujo objetivo era atacar o conhecimento, a ciência as escolas e universidades. É um governo responsável por mais de 135 mil mortes e que se mostra irritado toda vez que alguém defende a vida. Os professores e professoras, como educadores, ficam sempre do lado da ciência, e seus sindicatos representativos existem para defender a vida de sua categoria, da família e dos estudantes de todo o Brasil”.
Desprezo pela vida
Segundo Bolsonaro, para quem o coronavírus é “uma gripezinha”, os sindicatos dos trabalhadores no ensino são de “esquerda radical” e defendem o “Fica em Casa” para trabalhar menos e não pelo risco de contágio que a aglomeração nas escolas representa. Permanente violador das normas de segurança indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que indicam a necessidade do uso de máscaras e de evitar aglomerações, Bolsonaro ordenou ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, “para se preparar e começar a orientar, já que a decisão é de governadores e prefeitos, para que se volte às aulas no Brasil”.
Desconsiderando todo o esforço dos trabalhadores que se reinventam para preparar aulas on-line e acompanhar o desenvolvimento dos alunos, Bolsonaro queixou-se de que eles “ficam ouvindo sindicato de professores”. Fiel à sua trajetória de inimigo dos direitos trabalhistas e das entidades populares, o chefe do Executivo alardeou que os sindicalistas são “um pessoal de esquerda radical. Para eles tá bom ficar em casa, por dois motivos: primeiro eles ficam em casa e não trabalham, por outro colabora que a garotada não aprenda mais coisas, não volte a se instruir”…
Os impropérios do presidente só fazem reforçar o empenho e a luta das organizações sindicais em defesa dos trabalhadores e seus direitos. A Contee se solidariza com estudantes, familiares e trabalhadores do ensino vítimas da covid-19, reafirma ser contrária à precipitação na volta às aulas e defende que o retorno das atividades presenciais seja realizado com critérios científicos e garantindo condições seguras e saudáveis de aprendizado e trabalho.
Carlos Pompe