No Dia da União dos Povos Latino-Americanos, Contee destaca sua luta internacional
Hoje, 24 de março, é celebrado o Dia da União dos Povos Latino-Americanos, uma pauta cara à Contee e de importância central nas relações internacionais da Confederação. “Historicamente, inúmeros foram os desafios colocados na construção do projeto de integração da América Latina e do Caribe. Revolucionários como Simón Bolívar, San Martín e José Martí, na sua luta pela ‘Pátria Grande’, na defesa de um projeto de integração solidária e soberana, enfrentaram forte resistência do poder colonial europeu e sofreram oposição dos EUA, que buscavam, já no século XIX, firmar hegemonia no continente”, contextualiza a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta. “Desde então, esse processo é marcado por avanços e recuos. Um processo complexo, acompanhado por inúmeras tensões e contradições de interesses entre os diversos atores sociais”.
Como reforça a diretora da Contee, “a política agressiva dos EUA, aliados às forças de direita nacionais, atuam de forma a sabotar as iniciativas de integração regional que se apresentam na contramão do projeto neoliberal e imperialista dos EUA para a região”. E a política internacional do governo Bolsonaro, segundo ela, “aprofunda ainda mais o processo de desarticulação de iniciativas importantes como Celac, Unasul, Alba e Mercosul, que ganharam destaque nos governos progressistas da América Latina e do Caribe”.
É nesse contexto que a política internacional da Contee e sua articulação com outras entidades de trabalhadores e de educação da América Latina se tornam ainda mais relevantes. “A Contee, desde seu estatuto fundante, tem como princípios a defesa do direito das nações à autodeterminação e à soberania política, econômica e cultural. O grande desafio colocado é conquistar a unidade de ação do movimento dos trabalhadores em educação em torno de uma plataforma comum antifascista, antineoliberal e anti-imperialista. É preciso elevar o protagonismo político, social e ideológico da classe trabalhadora nas lutas comuns no âmbito de cada país e em nossa América”, defende Maria Clotilde.
Como conta a diretora, a Secretaria de Relações Internacionais foi criada no VII Conatee com o objetivo de definir uma política de relações internacionais clara e capaz de conferir à Confederação uma maior capacidade de intervenção internacional. “Entre as prioridades da atuação internacional da Contee, tem destaque a intensificação das relações sindicais e o aprofundamento das relações internacionais dos trabalhadores em educação dos países da América Latina e do Caribe.”
Nestes 30 anos de luta, a Contee tem priorizado, em sua política internacional, a participação nos fóruns e espaços do movimento sindical dos trabalhadores em educação, vinculados à luta anti-hegemônica na América Latina e no Caribe. Nessa perspectiva, a entidade é filiada e compõe a direção executiva da Confederação dos Educadores Americanos (CEA), presidida pelo professor uruguaio Fernando Rodal, que atua na construção da unidade de importantes organizações sindicais dos trabalhadores em Educação do continente e integra o Parlamento Latino-americano e Caribenho (Parlatino). A Contee é filiada também à Internacional da Educação, vinculada à Confederação Sindical Internacional (CSI), participando dos encontros do Movimento Pedagógico Latino-Americano, coordenado pela Internacional da Educação para a América Latina (Ieal), e integra, ainda, a direção da Federação Internacional dos Sindicatos dos Educadores (Fise), vinculada à Federação Sindical Mundial (FSM), que realiza importantes eventos internacionais com foco na educação.
“Esses diversos eventos, realizados por diferentes organizações, demonstram que, em que pesem todos os desafios, os trabalhadores em educação têm resistido no enfrentamento ao processo de reversão colonial que atinge todo o continente. O desmantelamento da educação pública, o rebaixamento da qualidade da educação, a precarização das condições de trabalho e do salário dos trabalhadores em educação e o perverso processo de desprofissionalização docente devem ser compreendidos nesse contexto, assim como as lutas educacionais e trabalhistas dos trabalhadores em educação devem se vincular às lutas nacionais de caráter anti-imperialista, assumindo necessariamente uma dimensão internacional”, considera a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, que também ocupa a vice-presidência da CEA.
“Nesse quadro, é preciso avançar na organização e mobilização dos trabalhadores em educação na resistência contra a ofensiva da política imperialista — o neocolonialismo do século XXI — na educação latino-americana e caribenha.”
Por Táscia Souza