Ato em SP celebra o Dia da Luta Operária e homenageia sindicalistas
Severino Almeida, um dos fundadores da CTB e ex-presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante, recebeu homenagem póstuma
No dia 9 de julho é comemorado Dia da Luta Operária. A data foi instituída na cidade de São Paulo pela Lei municipal (nº 16.634/17), em memória da Greve Geral de 1917. Como forma de celebrar a data, as centrais sindicais junto ao mandato do deputado estadual Antônio Donato (PT), autor da Lei quando vereador, promovem anualmente um ato em homenagem aos operários.
Neste ano, em evento realizado no Casarão do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, na Bela Vista, com a participação do Centro de Memória Sindical, o Instituto Astrogildo Pereira, IIEP e Oboré, foram homenageadas seis personalidades.
O fundador e ex-presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (SINDMAR) e fundador da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Severino Almeida Filho, falecido em 2022, teve uma homenagem póstuma recebida por familiares.
Estiveram no ato o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, junto com o vice-presidente Renê Vicente; o secretário-geral, Ronaldo Leite; e o dirigente nacional na entidade, Nivaldo Santana.
Em depoimento, Adilson Araújo destacou o espírito coletivo de luta de Severino: “Para a CTB rememorar os nossos entes queridos é muito importante para a vida e história da classe trabalhadora Brasil. O Ato do 9 de julho, que homenageia tantas outras lideranças do movimento sindical, reproduziu o espírito coletivo de luta de Severino Almeida Filho quando grafou: “Temos que navegar juntos, para não perdermos o que com muita luta conquistamos. Um Sindicato Forte, eficiente e reconhecido externamente é a única garantia que nos restou diante da sanha patronal de desmantelamento dos direitos e da própria noção e do valor do trabalho e do emprego. O Sindicato é um patrimônio de cada um de nós e de todos, As Trabalhadoras E Trabalhadores. Unidade e luta!”
“A CTB ao longo dos seus 16 anos de existência se constituiu como a segunda maior Central Sindical do Brasil. Isso é o atestado que a CTB é a Central Sindical que mais cresce no Brasil. Essa síntese só faz reforçar a insígnia: CTB a luta é nossa identidade”, completou Araújo.
Os filhos de Severino, Daniela Medeiros Almeida e Thomaz Feghali Almeida, estiveram presentes assim como sua irmã, Maria Cristina Uchoa de Almeida, o sobrinho Caio Augusto Ribeiro da Silva e a cunhada Maria do Carmo Lima.
O presidente do Sindmar e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), Carlos Müller, também falou da importância e do legado do líder sindical: “O evento da centrais nesse dia 9 de julho homenageou sindicalistas, entre eles Severino Almeida Filho, o maior líder sindical marítimo da nossa época e um dos maiores líderes do sindicalismo marítimo internacional. Uma justa homenagem a essa importante liderança que ajudou a fundar a CTB e foi um grande defensor da unicidade sindical e do sistema confederativo, que constituem também princípios fundantes da nossa central”, disse Müller.
O ato contou também com a presença do presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins (FNTTAA), Ricardo Ponzi.
Homenageados
A jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical, Carolina Maria Ruy, explica que o dia da luta operária existe desde 2017, quando a greve de 1917 fez 100 anos.
“[Esta] é uma oportunidade para o movimento sindical refletir, pensar em sua história e resgatar a memória daquela greve. Pensar em como a classe trabalhadora evoluiu do ponto de vista da politização e dos direitos e também nos retrocessos que sofreu e sofre”, diz a coordenadora.
Ela também coloca que a data homenageia sindicalistas e pessoas que contribuíram para o movimento sindical.
“As pessoas são escolhidas pelas centrais sindicais e as instituições de pesquisa, como o Centro de Memória Sindical, ajudam no levantamento dessas histórias e sugerindo indicações. Neste ano os homenageados principais, Aparício Clemente (sindicalista e metalúrgico) e Maria Maeno (médica), são da área da saúde e segurança no trabalho. Lembramos também de duas datas importantes: 100 anos da revolta tenentista de 1924 em São Paulo e os 60 anos do golpe militar”, completou Carolina Maria Ruy.
Como ressaltou a jornalista, foram agraciados no evento com o Troféu ‘José Martinez’ (sapateiro anarco-sindicalista que foi baleado durante a repressão à greve geral, em 9 de julho de 1917, falecendo dias depois) a médica e pesquisadora da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, Maria Maeno, e o dirigente do Sindicato dos Metalúrgico de Osasco, Carlos Aparício Clemente.
Recebeu placa de agradecimento Isabel Peres (fundadora da Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura), além das homenagens póstumas com placas de agradecimento a Clodesmidt Riani (ex-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria ‘CNTI’ e do Comando Geral dos Trabalhadores – CGT) e Valdir Vicente De Barros (ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e fundador da UGT).
Por Murilo da Silva