Combate ao etarismo: Comemorando o Dia do Idoso com amor e respeito
Para combater esse preconceito etário se faz necessário o acesso universal à educação de qualidade, políticas públicas eficazes e à aplicação rígida do Estatuto do Idoso
“Quem não morre envelhece”, já dizia Dona Canô, a matriarca da família Veloso. Mulher de ventre iluminado que deu de presente à sociedade brasileira e ao mundo dois grandes ícones da Música Popular Brasileira: Caetano e Bethânia.
Hoje se celebra o Dia Internacional e Nacional da Pessoa Idosa e as sábias palavras de Dona Canô combinadas com o envelhecimento saudável coroam essa fase da existência.
Nesta data especial, comemora-se também à aprovação da Lei 10.741, em 2003, que instituiu o Estatuto da Pessoa Idosa. A legislação assegura o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Apesar da criação da lei, o Estatuto do Idoso ainda não ecoa da maneira esperada. Trata-se de um marco jurídico pouco conhecido e debatido. O Estatuto do Idoso completou 21 anos de promulgação, mas o país segue enfrentando desafios complexos inerentes ao envelhecimento populacional.
Nos últimos anos, a população idosa cresceu 39%. As projeções estimam que até 2030, o Brasil será o quinto país com a maior proporção de idosos no mundo. O cenário exige ações concretas, políticas públicas eficazes que garantam o bem-estar e a dignidade dessa população, que sejam capazes de promover a inclusão social.
Viver mais requer cuidados, assistência contínua e o bom combate contra o etarismo, um preconceito que discrimina indivíduos com base na idade e que, muitas vezes, marginaliza os mais velhos em diversos aspectos da vida social.
O etarismo se manifesta de várias maneiras, desde a exclusão do mercado de trabalho até a sub-representação em espaços de decisão. Estudos revelam que pessoas idosas enfrentam estigmas que as retratam como incapazes ou menos produtivas, o que limita suas oportunidades e contribuições à sociedade. Esse preconceito não afeta apenas a autoestima dos idosos, mas também compromete o potencial que eles têm de influenciar positivamente suas comunidades.
Nesse contexto, a educação surge como um instrumento indispensável para a inclusão e valorização dos idosos. Programas de educação voltados para essa faixa etária promovem o aprendizado permanente e ajudam a combater estereótipos negativos. A possibilidade de aprender novas habilidades, como tecnologia e línguas estrangeiras, proporciona autonomia e um sentimento renovado de pertencimento.
Iniciativas de educação para idosos têm se multiplicado em diversas instituições, como universidades da terceira idade e cursos online. Esses programas oferecem conhecimento e criam espaços de socialização, onde os participantes podem compartilhar experiências e fortalecer laços de amizade.
Em um mundo em que a população idosa cresce rapidamente, é fundamental que governos, empresas e a sociedade civil se unam para derrubar as barreiras do etarismo e garantir que todos tenham oportunidades de aprendizado.
O Dia do Idoso é um convite à ação para respeitar, incluir e educar aqueles que, com suas histórias e vivências, têm tanto a contribuir para o presente e o futuro da sociedade.
A dignidade e o respeito à pessoa idosa são direitos inegociáveis. O combate ao etarismo e o acesso universal à educação de qualidade são basilares na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
“Para que a velhice não seja uma irrisória paródia de nossa existência anterior, só há uma solução – é continuar a perseguir fins que deem um sentido à nossa vida”, esse pensamento da filósofa Simone de Beauvoir costura todos os desdobramentos.
Senhores e senhoras, a luta pelos ideais é a força motriz, é um dos sustentáculos do bem viver. Não deixem de sonhar e espalhar as sementes da empatia!
Por Romênia Mariani