Educar é um ato político: Cinco filmes que todo pedagogo deve assistir
Ser pedagogo no Brasil nunca foi simples. É carregar a responsabilidade de alfabetizar sonhos em meio a apagões de políticas públicas. É enfrentar a precarização, o desrespeito e, ainda assim, seguir acreditando na potência de cada criança, jovem ou adulto que cruza a sala de aula.
Ensinar é resistir. É uma missão política. É formar pensamento crítico onde querem silêncio. É fazer do saber um instrumento de liberdade onde impera a exclusão.
No clima das comemorações do Dia do Pedagogo, celebrado nesta terça-feira (20), selecionamos cinco filmes que essa categoria essencial precisa assistir. Não apenas como entretenimento, mas como reflexão e combustível. Obras que denunciam, inspiram e, sobretudo, lembram por que a luta vale a pena: porque uma outra educação — e um outro país — são possíveis. Um mundo melhor se constrói propagando o saber, com determinação, otimismo e esperança.
Vamos aos filmes!
- Escritores da Liberdade
Direção: Richard LaGravenese, 2007
Baseado em fatos reais, o filme mostra o trabalho de Erin Gruwell, professora em uma escola marcada por violência, racismo e abandono. Ao incentivar seus alunos a escreverem sobre suas vidas, ela planta o que há de mais revolucionário: o direito à própria narrativa. Uma aula sobre escuta, empatia e o poder de educar para a vida.
A pedagogia crítica começa ao reconhecer a humanidade do outro.
Onde assistir: Netflix
- Entre os Muros da Escola
Direção: Laurent Cantet, 2008
Neste filme francês, a sala de aula é o campo de tensão entre culturas, idiomas, classes sociais e saberes. Nada é romantizado. O professor não é herói, e os alunos não são vilões. Todos são atravessados pelas contradições do mundo real. Uma obra que exige do espectador o mesmo que exige da pedagogia: escuta ativa, reflexão e posicionamento.
O chão da escola é também território de disputas e possibilidades.
Onde assistir: Prime Video
- O Substituto
Direção: Tony Kaye, 2011
Henry Barthes (Adrien Brody) é um professor substituto do ensino médio que evita vínculos emocionais, apesar de sua habilidade natural para se conectar com os alunos. Ao assumir temporariamente uma turma em uma escola pública marcada por professores desmotivados e alunos em situação de vulnerabilidade, ele se vê desafiado por uma realidade dura. Em meio a uma crise pessoal, três mulheres cruzam seu caminho, levando-o a refletir sobre seu papel e impacto na vida dos outros — mesmo que isso lhe traga consequências difíceis.
Educar também é reconhecer a dor — e transformar o sofrimento em solidariedade.
Onde assistir: Apple TV
- Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
Direção: Daniel Ribeiro, 2014
Neste filme brasileiro, a educação aparece sem gritos ou discursos: está nos gestos de inclusão, no respeito às diferenças, no direito de cada um existir como é. Leonardo, adolescente cego, vive o desejo de autonomia e amor em meio às expectativas sociais. Uma história sobre liberdade, afetos e o papel da escola como espaço de acolhimento.
Uma pedagogia libertadora começa com o direito de ser.
Onde assistir: Telecine
- Pro Dia Nascer Feliz
Direção: João Jardim, 2007
Documentário brasileiro que revela, com crueza e sensibilidade, a realidade de estudantes e professores em diferentes regiões do país. O filme costura depoimentos sobre sonhos e frustrações, mostrando uma juventude que clama por sentido, afeto e oportunidade — e professores que lutam para fazer da educação uma ponte, não um muro.
A educação pública pede socorro — e só a mobilização coletiva pode salvá-la.
Onde assistir: Apple TV
Esperançar sempre
Esses filmes reforçam a magnitude da missão pedagógica. Ser pedagogo é escrever o presente com giz, suor e coragem, mirando um futuro promissor.
Aos pedagogos e pedagogas do Brasil, nossa reverência. Mas também nosso compromisso: defender o direito de ensinar com dignidade, sem censura, sem precarização, com liberdade e com reconhecimento.
Que cada história contada nessas telas transborde sabedoria, sirva de espelho — mas também de luz. Porque, como dizia Paulo Freire, “a educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
E para mudar o mundo, precisamos de pedagogos.
Por Romênia Mariani





