Sinpro ABC: Estudo mostra que plataformas digitais não melhoram desempenho dos alunos em SP

Um estudo realizado pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu), composto por pesquisadores de universidades paulistas como a PUC-Campinas e o IFSP, revela que a estratégia do Governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de tornar obrigatórias as plataformas educacionais na rede estadual não trouxe melhoria significativa na aprendizagem dos estudantes.

Com base em dados da própria Secretaria Estadual de Educação, o levantamento analisou o desempenho de estudantes do Ensino Médio no Saresp entre 2023 e 2024 e comparou com o índice de uso das plataformas digitais. A conclusão foi clara: não há correlação relevante entre o uso intensivo dessas ferramentas e os resultados obtidos pelos alunos.

Entre as escolas que tiveram melhora no Saresp, tanto as que usaram muito quanto as que usaram pouco as plataformas apresentaram desempenhos semelhantes. Para os pesquisadores, isso evidencia que a plataforma, por si só, não é garantia de qualidade pedagógica.

Além disso, a política vem sendo acompanhada de pressão intensa sobre diretores e professores. Metas de uso são impostas bimestralmente, muitas vezes sem clareza sobre os critérios adotados. Em janeiro de 2024, a Secretaria passou a utilizar essas metas como parte da avaliação dos diretores escolares. Aqueles com desempenho considerado insatisfatório têm sido afastados ou penalizados — uma política vista como autoritária por sindicatos e pesquisadores.

Das 31 plataformas atualmente utilizadas, apenas 14 são de conteúdo didático. As demais servem para controle do trabalho docente ou gestão administrativa, como registro de brigas entre alunos ou frequência de professores nas ferramentas. “As metas se concentram na realização das tarefas, sem avaliar se os alunos realmente aprenderam”, aponta o professor Leonardo Crochik (IFSP), um dos autores do estudo.

O investimento total com as plataformas em 2023 foi de R$ 471 milhões, e continua crescendo. No entanto, a ausência de evidências concretas sobre sua eficácia e o impacto direto sobre os profissionais da educação têm gerado forte preocupação.

A Secretaria da Educação argumenta que a avaliação dos impactos ainda é prematura, por se tratar de uma política recente (implantada no segundo semestre de 2023). No entanto, desde agosto daquele ano, as escolas já vinham sendo obrigadas a utilizar pelo menos sete plataformas. Hoje, são mais de 30, com metas específicas e punições estabelecidas.

O SINPRO ABC reforça que educação de qualidade exige planejamento pedagógico sólido, escuta ativa da comunidade escolar e valorização dos profissionais da educação. Impor metas digitais sem diálogo e sem comprovação de resultados é um caminho sem sentido, que pode aprofundar desigualdades em vez de corrigi-las.

Fontes:
Folha de S.Paulo (matéria publicada em julho de 2025)
Estudo da Rede Escola Pública e Universidade (Repu)

Do Sinpro ABC

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