Revolução Russa, 100 anos de um acontecimento extraordinário
No dia 25 de outubro de 1917 (7 de novembro no calendário russo) os sovietes (conselhos) de operários e soldados tomaram o poder na Rússia. Inaugurou-se a primeira grande experiência de os trabalhadores assumirem o comando de um país na história da humanidade.
Desde a Revolução Francesa, de 1789, a sociedade se cindiu cada vez mais entre burgueses, proprietários dos meios de produção, e proletários, os que viviam da venda de sua força de trabalho. A Revolução de Outubro foi a vitória dos proletários sobre os burgueses. Durou até 1991, quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi extinta pelos seus condutores, Gorbatchev à frente. Mas trouxe esperanças e lições preciosas para os trabalhadores de todo o mundo.
A Revolução Russa de 1917 deu continuidade à Comuna de Paris, de 1871, primeiro governo operário da história. Mas ao contrário desta, os revolucionários russos estavam sob o comando de uma organização política, o Partido Bolchevique, de Lênin, que tinha um projeto de nova sociedade: o Socialismo.
Ela passou por diversas fases. Enfrentou com sucesso da guerra civil que ocorreu logo após a tomada do poder. Adiante, deu início à derrota do nazismo a nível mundial, no que conhecemos como Segunda Guerra Mundial e os soviéticos chamavam de Grande Guerra Pátria. Levou a Rússia e demais países que integraram a URSS de região mais atrasada da Europa para a segunda potência econômica e militar mundial.
As lutas de classes na URSS continuam sendo objeto de estudo e interpretações diversas por estudiosos de todos os rincões do planeta. A experiência foi concluída sem intervenções militares externas, mas pela dinâmica econômica e social que ela e o mundo em seu entorno vivenciaram. Foi alvo constante dos países capitalistas que, externa e internamente, atuaram pelo seu fracasso.
Como escreveu o professor Altair Freitas, a “experiência socialista na Rússia, a construção de uma União Soviética, de uma Internacional Comunista, a tentativa de espalhar aquela revolução pela Europa e para o mundo, as lutas trabalhistas ao longo do século 20 e ainda hoje, as guerras de libertação na África e Ásia contra o colonialismo europeu pós 2ª Guerra, a própria derrota do nazifascismo, a construção de um bloco de nações ‘socialistas’, as revoluções socialistas na China e Cuba, e a própria formação do Estado de Bem-Estar Social na Europa do pós guerra, todos esses e outros fenômenos não nominados aqui, estiveram – e ainda estão – relacionados diretamente com o início, desenvolvimento, declínio e fim do socialismo na velha Rússia. Inclusive diversos avanços tecnológicos, como o desenvolvimento do uso de satélites e sistemas de propulsão de foguetes”.
Aos proletários de todo o mundo, mulheres e homens que vivem da venda da sua força de trabalho, cabe a análise classista desse momento singular – e promissor – da história humana. E reafirmar, neste momento em que o ideário dos exploradores se impõe e expande nos corações e mentes, que um novo mundo, sem exploração, é possível. Outros outubros virão, como afirma a canção de Milton Nascimento e Fernando Brant (Outubro). Proletários de todo o mundo, uni-vos!
Carlos Pompe