Contee realiza debate sobre o conflito que envolve Rússia, Ucrânia, EUA e Otan com vistas a esclarecê-lo
Ambos os expositores procuraram lançar luz diante da overdose de mentiras e desinformações propagadas aos borbotões pela mídia hegemônica
O vice-coordenador geral da Contee, Alan Francisco de Carvalho, que também é coordenador da Secretaria de Comunicação abriu os trabalhos que “vão tratar de um tema denso da política mundial”. Cristina Castro, coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais, apresentou os expositores e homenageou dois professores que faleceram nesta quinta-feira (3), Luiz Pinguelli Rosa, físico e ex-presidente da Eletrobrás; e Margarida Barreto, médica e ativista social, que colaborou com as atividades da Confederação.
Paulo Afonso fez a primeira fala em explanou que “o que está acontecendo entre Rússia, Ucrânia, envolvendo os Estados Unidos, é um tema vasto. A questão da expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na região, cercando a Rússia, já vem há algum tempo.”
“Há uma guerra de informação, capitaneada pelos Estados Unidos, que é mundial, e atinge todos os países. Cidadãos russos estão sendo atacados na Europa – dois caminhoneiros foram assassinados na Itália, em Portugal existem pichações ‘Fora Russos!’”, disse.
Formado em agronomia em Moscou, quando era capital da então União Soviética, e professor associado no Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), com vasto conhecimento do chamado Leste Europeu, Paulo Afonso fez abordagem histórica da região, remetendo aos tempos do Império Russo, passando pela União Soviética, chegando nos episódios de hoje. Para ele, “na realidade, ali ocorre uma guerra civil entre eslavos, num território extenso e rico em petróleo e minérios”.
No cenário geopolítico, “o maior problema dos EUA é a união da Rússia com China e Irã, debilitando o domínio global norte-americano. Mas nunca houve um Estado ucraniano. Essa região era tudo Rússia. Agora, o imperialismo ocidental deixou o Putin sem alternativa e ele teve que fazer o que está fazendo”, esclareceu.
Questões intrínsecas do conflito
Na segunda parte da abordagem sobre o tema, o professor Antônio Lisboa, dirigente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e ex-diretor do Sinpro-DF (Sindicato dos Professores no Distrito Federal), que também representa os trabalhadores brasileiros no Conselho de Administração da OIT (Organização Internacional do Trabalho) abordou aspectos que são escondidos pela cobertura enviesada da mídia hegemônica.
Segundo a interpretação de Lisboa, o conflito naquela região tem três elementos centrais: a desnazificação da Ucrânia, a questão da neutralidade daquela país eslavo diante das tentativas de os EUA forçarem a barra para instalar base militar da Otan; e a questão nacional.
Ainda segundo o dirigente da CUT, há dois movimentos mais explícitos que o governo russo tem interesse em resolver: a “desnazificação” da Ucrânia, separada da Rússia no contexto das chamadas “revoluções coloridas”, na pós-desintegração da União Soviética em 1991; e a “segurança da Rússia”.
Isso porque, se for instalada base da Otan naquele país, que serve de “paredão protetor” da Rússia, um míssil lançando da região, apontado para a capital Russa, Moscou, pode atingir o alvo em apenas 6 minutos. É disso que se trata ter uma base da Otan na Ucrânia.
Lisboa foi enfático ao se posicionar diante do conflito: “o inimigo comum é o neoliberalismo”. “Não devemos apostar na divisão do movimento sindical”, pois enfraquece a luta contra o inimigo comum, entende o dirigente da CUT.
Assista a íntegra das exposições, cujo objetivo foi lançar luz diante da cobertura totalmente pró-EUA e Otan, quando, efetivamente, o conflito transbordou do campo diplomático e político, para o confronto militar.
Carlos Pompe e Marcos Verlaine