Contee prestigia o 45º Congresso da Ubes

Educação inclusiva, pública e de qualidade é um direito de todos. A Contee e o movimento estudantil de mãos dadas nessa luta

Aconteceu entre os dias 14 e 16 de junho, o Congresso Nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), o CONUBES. O coordenador-geral licenciado da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Estabelecimentos de Ensino (Contee), Gilson Reis, participou do encontro histórico, que reuniu mais de 8 mil pessoas em Belo Horizonte, no Ginásio do Mineirinho.

O CONUBES é o maior evento do movimento secundarista brasileiro. Ocorre a cada dois anos e reúne estudantes de todo o país para debater temas relevantes para a educação, com oficinas práticas, palestras, apresentações culturais e escolha da diretoria da UBES. A ideia é fortalecer a organização estudantil e somar esforços em prol de um futuro mais justo, democrático e igualitário.

Na abertura, a presidenta da UBES, Jade Beatriz, convocou os estudantes à mobilização permanente contra o desmonte da educação pública, enfatizando a necessidade de intensificar a luta contra a militarização das escolas e a privatização da educação.

Gilson Reis fez parte da mesa de discussão que tratou do tema: celebrar os 10 anos e defender um novo PNE integrado com a revogação do N.E.M: pelo fim dos itinerários formativos e do notório saber.

Durante a sua explanação, o coordenador-geral licenciado criticou duramente o ataque à educação que a burguesia com o apoio da extrema-direita vem sustentando. Disse ser o maior nos últimos 50 anos. Bandeiras como escola sem partido, ideologia de gênero, novo ensino médio, militarização das escolas públicas e privatizações das escolas da rede estadual foram apontadas como iniciativas inaceitáveis.

Ele ponderou que um conjunto de projetos retrógrados estão avançando nos estados e dentro do parlamento brasileiro, sendo importante a realização de congressos da magnitude do CONUBES para refutar as ideias reacionários e antidemocráticas que massacram a classe trabalhadora e retiram dos estudantes o direito de uma educação inclusiva, pública e de qualidade.

A educação é um direito de todos previsto na Constituição Cidadã, mas esse não tem sido respeitado. As investidas privatistas propagadas nos estados atacam ferozmente o bem comum e provocam desequilíbrios. Os direitos fundamentais são ameaçados com frequência. “A grande burguesia brasileira aliada aos governos de extrema-direita, liberais, querem assumir a escola não pelo estudante, não pelo professor, não pela sociedade, não pelo projeto nacional de desenvolvimento que coloca a educação no centro desse projeto, mas único e exclusivamente para impor as suas ideologias, fomentar o conservadorismo”, frisou Gilson Reis.

“A extrema-direita quer incutir na sociedade jovem uma outra forma de pensamento, e faz essa disputa continuamente. Os privatistas querem tirar da escola pública lucro para os seus interesses particulares”, acrescentou.

A chamada gestão pedagógica e a gestão financeira das escolas defendida pela extrema-direita também foi fortemente combatida por Reis, por ser mais um ponto que acentua disparidades. “Eles querem apropriar do projeto político pedagógico e querem apropriar da gestão das escolas – uma ponta é o dinheiro e a outra ponta é a questão pedagógica. E, dentre essas ações, há um conjunto de questões que estão sendo apresentadas. O ensino médio aprovado à revelia da sociedade, sem debate, sem discussão, sem participação, desvalorizando os profissionais da educação, por exemplo, é fruto desse posicionamento mercadológico”.

Recomendou ainda, o reforço das mobilizações para conter os projetos absurdos que estão tramitando no Congresso Nacional: o PL 5.230/2023 e o PL 1.904/2024. Ambos ferem profundamente a dignidade da pessoa humana. O primeiro prevê a reforma do Novo Ensino Médio e fomenta as desigualdades educacionais. A medida admite a desregulamentação da profissão dos professores, entre outros malefícios; O segundo equipara o aborto ao crime de homicídio. Caso o projeto seja aprovado pelos parlamentares, o aborto realizado após 22 semanas de gestação será punido com reclusão de seis a 20 anos em todos esses casos, bem como no caso de gravidez resultante de estupro. “É muito importante estarmos organizados nos próximos dias. Não podemos permitir esses retrocessos. Educação não é mercadoria e Criança não é mãe. Ensino público de qualidade já e não a violência contra as mulheres. Vamos à luta”, finalizou.

A Contee e a Ubes não abrem mão das pautas progressistas e estão unidas pelo engrandecimento da educação brasileira.

Gilson Reis com Jade Beatriz, presidente da Ubes até o Congresso. Foto: Reprodução

MAIS DESDOBRAMENTOS DO CONUBES

Carta ao Ministro – Os estudantes entregaram carta de reivindicações da entidade ao Márcio Macêdo, Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, e demais autoridades presentes, cobrando medidas urgentes para a transformação do cenário educacional do país.

Entre as principais reivindicações estão a revogação do Novo Ensino Médio (NEM), considerado prejudicial ao desenvolvimento integral dos alunos; a implementação de um novo Plano Nacional de Educação (PNE) que atenda às reais necessidades dos estudantes; o fim da militarização das escolas, que fere a autonomia educacional e os direitos humanos; a garantia de merenda escolar de qualidade, essencial à saúde e o bem-estar dos alunos; e o investimento na formação docente, quesito indispensável para a educação de excelência.

Novo presidente da UBES – Na plenária final do encontro, Hugo Silva, estudante do Instituto Federal de São Paulo, elegeu-se presidente da UBES e terá, a partir de agora, a responsabilidade de representar os mais de 40 milhões de estudantes do ensino médio, fundamental e técnico brasileiro. Do total de 4.121 votos, a chapa da nova diretoria da UBES “Unidade e luta para reconstruir a educação e o Brasil” obteve 82,69% dos votos.

Por Romênia Mariani

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