Lula prestará solidariedade à Venezuela na Cúpula da Celac, diz governo

Segundo chanceler Mauro Vieira, presidente do Brasil viajará à Colômbia para participar de reunião cujo tema central será presença militar dos EUA na região do Caribe

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, mudou sua agenda para participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), no próximo domingo (09/11), em Santa Marta, na Colômbia.

O líder brasileiro aproveitará a oportunidade para discutir a crescente presença militar dos Estados Unidos na região do Caribe e na costa da Venezuela.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, confirmou a viagem de Lula para a reunião, que terá como um dos temas centrais a solidariedade à Venezuela diante da crescente pressão dos Estados Unidos, que têm realizado ataques a embarcações no Caribe e ameaçado incursões terrestres no país.

Segundo Vieira, o encontro servirá para reafirmar o compromisso da região com a paz e a cooperação. “Essa reunião é um apoio, uma solidariedade regional à Venezuela, tendo em vista que o presidente [Lula], repetidamente, já disse — e é a posição da nossa política externa — que a América Latina e, sobretudo, a América do Sul, é uma região de paz e cooperação”, disse o ministro.

De acordo com o chanceler brasileiro, a possibilidade de uma declaração conjunta de apoio à Venezuela dependerá das negociações diplomáticas que serão conduzidas nos dias da reunião, que ocorrerá nos dias 9 e 10 de novembro, em conjunto com representantes da União Europeia.

O chanceler ainda minimizou eventuais impactos da solidariedade à Venezuela nas negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. “Nosso contato com os Estados Unidos diz respeito sobretudo às questões comerciais e tarifárias bilaterais”, afirmou Vieira.

Lula já havia antecipado, na última terça-feira (04/11), que a situação da Venezuela e a intensificação da presença militar norte-americana na América Latina seriam pautas centrais da Celac. O presidente afirmou ter conversado com Trump sobre o assunto no encontro que tiveram na Malásia, em outubro. Na ocasião, Lula se colocou à disposição para atuar como interlocutor do conflito.

“Só tem sentido a reunião da Celac, neste momento, se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra norte-americanos aqui nos mares da América Latina. Tive oportunidade de conversar com o presidente Trump sobre esse assunto, dizendo para ele que a América Latina é uma zona de paz”, disse Lula.

Nos últimos meses, forças norte-americanas realizaram bombardeios a embarcações na costa sul-americana, sob a justificativa de combater o tráfico de drogas ligado à Venezuela — uma acusação feita sem provas. Segundo relatórios regionais, ao menos 66 pessoas morreram nessas ações no Caribe e no oceano Pacífico.

O envio de navios e caças para a região, especialmente para Porto Rico, é visto como tentativa de pressionar o governo de Nicolás Maduro. Washington alega que o líder venezuelano comandaria uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é contestada por especialistas.

Já o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, argumenta que há interesses nas reservas de petróleo do país e que o reforço militar na região tem o objetivo de tirá-lo do poder.

A cúpula Celac-UE reunirá líderes dos 27 países da União Europeia e das 33 nações da Celac, com foco na retomada do diálogo birregional e nas negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O encontro segue até a segunda-feira (10/11), mas Lula participa apenas do primeiro dia e retorna a Belém para a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Fonte
Opera Mundi

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
666filmizle.xyz