Países que proíbem pais de baterem nos filhos são menos violentos
Crianças que apanham dos pais são mais propensas a cometerem atos violentos fora de casa? Um estudo realizado por pesquisadores no Canadá apontou que sim: países onde adultos são proibidos de baterem em seus filhos têm menos incidência de violência entre jovens.
Cientistas da Universidade McGill, em Montreal, analisaram 88 países ao redor do mundo para entender a relação entre brigas na juventude e o uso da força física dentro de casa. Os resultados foram publicados nesta terça-feira (16/10) na revista científica BMJ Open.
A conclusão foi de que nações que proíbem a punição física de crianças registram, em média, 31% menos casos de brigas entre jovens garotos e 42% menos casos de brigas entre jovens meninas, em comparação com países que permitem a prática – seja em casa ou na escola.
Por outro lado, Estados que adotam uma proibição parcial – ou seja, vetam apenas a punição física nas escolas, mas não em casa – apresentaram um índice de violência entre jovens meninos semelhante ao de países sem qualquer proibição. Apenas a incidência de brigas entre meninas foi menor do que em nações que liberam castigos corporais em qualquer situação.
Estudos anteriores já apontaram que a palmada na infância pode trazer consequências negativas que vão de tendência a agressão a problemas de saúde mental. Os cientistas canadenses, no entanto, frisam que sua pesquisa busca apenas fazer uma associação, e não uma relação de causa, entre a proibição legal da punição física e a violência na juventude.
“O que podemos dizer é que países que proíbem o uso de castigos corporais são menos violentos para crianças crescerem do que os países que não o fazem”, afirma Frank Elgar, do Instituto de Saúde e Política Social da McGill, principal autor do estudo.
Os pesquisadores concluíram ainda que a associação continuou valendo mesmo depois de levarem em consideração fatores como renda per capita da população, taxas de homicídio e programas de educação aos pais para prevenir maus-tratos à criança.
O estudo reuniu dados coletados por pesquisas internacionais sobre o comportamento de crianças em idade escolar, incluindo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Questionários respondidos por mais de 400 mil adolescentes foram usados para cruzar os dados com o status do país sobre sua legislação em relação à punição corporal.
Foram analisados 30 países que proíbem castigos físicos em qualquer circunstância (sendo a maioria na Europa), 38 países com proibição parcial, ou seja, na escola, mas não em casa (entre eles China, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido) e 20 países que liberam a prática (de Myanmar às Ilhas Salomão).