Para 79% dos brasileiros, volta às aulas vai agravar a pandemia do novo coronavírus

Percentual da pesquisa Datafolha publicada nesta terça, reforça a luta dos professores contra a reabertura das escolas enquanto a pandemia estiver em aceleração e não houver segurança para o retorno das aulas

Para 79% dos brasileiros, a reabertura das escolas vai agravar a pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 108.696 brasileiros e contaminou outros 3,3 milhões com a Covid-19.   

Para 59% dos entrevistados, a retomada das aulas presenciais  interrompidas desde março, no pico da pandemia, piorará muito a situação. Outros 20% acham que piorará um pouco;  18% afirmaram que não haverá efeito na disseminação do vírus, e 3% disseram não saber.

Os dados são de pesquisa Datafolha, que ouviu 2.065 pessoas em todo o país nos dias 11 e 12 de agosto por telefone, modelo usado pelo instituto para manter o distanciamento social, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como  forma de conter a disseminação do novo coronavírus. A OMS também recomenda o uso de máscaras e álcool em gel ou lavagem constante das mãos.

Fiocruz alerta que além da comunicada escolar tem os parentes de risco

Estudo da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) revela que cerca de 9,3 milhões de pessoas também ficariam sujeitas à contaminação pelo novo coronavírus, além de professores, alunos e toda comunidade escolar, porque fazem parte de grupos de risco – idosos e adultos com comorbidades – que convivem com as crianças, jovens e profissionais da educação.

De acordo com o estudo, ainda que escolas, colégios e universidades adotem medidas de segurança e que elas sejam cumpridas à risca, o risco de contágio é iminente. Além da possibilidade de aglomerações nos locais, o estudo aponta que os transportes públicos e a falta de controle sobre o comportamento dos jovens representam situações potenciais de contaminação. E se forem contaminados, podem levar para casa o vírus e infectar os parentes, em especial os de grupos de risco, mais vulneráveis à doença.

Até prefeitos são contra a volta às aulas

Muitos prefeitos também são contra a volta às aulas. Pesquisa realizada pela Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) reveleou que 93,75% dos prefeitos de 367 municípios  rejeitam o calendário de volta às aulas presenciais apresentado pelo governo Eduardo Leite (PSDB). O Estado tem 497 municípios.

Mas, em Manaus, os governos ignoraram os alertas, reabriram as escolas e apenas dois dias depois tiveram de fechar pelo menos duas unidades de ensino porque registraram casos de Covid-19. O Colégio Militar da Polícia Militar V – Tenente Coronel Cândido José Mariano e o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Agenor Ferreira Lima suspenderam as atividades.

A luta dos educadores é pela vida

A falta de condições para o retorno revolta professores de todo o país que têm feitos manifestações e atos contra a volta as aulas presenciais. No Paraná, a revolta fez o governo voltar atrás e apresentar um novo calendário.

Em vários sindicatos do país, professores ameaçam greve em defesa da vida se os governos insistirem em abrir as escolas enquanto a pandemia estiver acelerada e as unidades de ensino não tiverem condições de segurança para evitar a contaminação.

CUT

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