Pesquisa indica que trabalho remoto aumentou carga horária
A Harvard Business School divulgou pesquisa abrangendo 3,1 milhões de pessoas que mostrou que a carga de trabalho aumentou 48,5 minutos devido ao trabalho remoto, que se expandiu com a pandemia do novo coronavírus. Também foi constatado aumento de tempo em reuniões e no número de e-mails trocados. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 10% da população empregada realiza trabalho remoto, mesmo com os sinais de queda da pandemia.
Um levantamento de comentários em redes sociais brasileiras feito pela Orbit Data Science registrou que em janeiro, antes do isolamento social, cerca de 70% das pessoas elogiavam a prática. Depois do isolamento, entre abril e junho, a aprovação caiu para 45%. O trabalho em casa tornou a percepção de que os dias são mais longos e passaram a ocorrer mais reuniões (a quantidade cresceu 13%, segundo o Bureau Nacional de Pesquisa Econômica).
Segundo a pesquisa da Harvard Business School, muitas vezes as pessoas trabalham horas a mais para compensar momento de distração, pausa ou interrupção durante a jornada de trabalho em casa. Outra novidade é que mais e-mails devem ser respondidos. “As pessoas estão com medo – medo em relação ao emprego e à economia – então elas querem ter certeza de que estão sempre respondendo a e-mails e mensagens”, opina Cali Williams Yost, do Flex Strategy Group.
Professores afetados
O trabalho dos professores foi dos mais afetados pelas imposições de isolamento social devido à pandemia. Foram colocados novos desafios, como organizar espaço em casa para preparar aulas e materiais (livros, cadernos, computador, utilitários a serem utilizados no ensino etc.). A rotina diária teve que ser reorganizada, reservado horário para planejamento, conhecimento dos aplicativos, tecnologia e preparo de aulas online e estudo, atividades acrescentadas às exigências familiares e domésticas.
Para além dos reptos individuais, há também novas questões trabalhistas trazidas pelo momento. Muitas escolas não encaminharam aos seus profissionais contrato prevendo responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento de equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária para o teletrabalho. Muitos professores tiveram de se adaptar às videoaulas, sem qualquer planejamento ou assessoria de seus empregadores.
A Contee tem abordado o assunto em várias manifestações, como na aula O trabalho remoto e o uso e abuso do direito de imagem e de produção intelectual. O consultor jurídico da entidade, José Geraldo de Santana Oliveira, elaborou uma série de sugestões para a regulamentação de teletrabalho, abrangendo professores e administrativos, uso de voz, imagem e produção intelectual docentes (leia aqui, aqui e aqui). Também o coordenador da Secretaria de Finanças, José de Ribamar Virgolino Barroso, abordou O desafio do teletrabalho e do retorno às salas de aula.
Como analisou artigo publicado pela Fepesp, “além de todas as preocupações com a didática do ensino, é necessário, e de extrema importância, que os docentes se preocupem e considerem todo o contexto dessa migração que ocorre em meio à pandemia, que impõe nova organização do cotidiano e preocupação com a saúde, além das apreensões causadas pela instabilidade do vínculo profissional, ameaçados a todo instante como consequência de proposições legislativas que visam redução das mensalidades, encerramento do ano letivo e rescisão de contratos”.
Carlos Pompe