Professores de universidades federais se dividem e parte assina acordo com o governo
Proifes assina acordo, enquanto a Andes-SN rejeita a última proposta que manteve zero de reajuste à categoria para este ano e quer manter a greve. Divisão repete o histórico de 2012 e 2015
Em greve há cerca de 50 dias, os professores das universidades e dos institutos técnicos federais se dividiram. A Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) assinou, nessa segunda-feira (27), acordo com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI). Em contrapartida, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) rejeitou a proposta e quer manter a greve.
Nas greves de 2012 e 2015, a divisão entre as entidades se repetiu, com o Proifes aceitando a proposta do governo e encerrando a mobilização antes da Andes-SN.
Em nota, a Proifes afirmou que o Conselho Deliberativo da entidade, composto por 34 delegados, considerou que as rodadas de consultas, reuniões e assembleias gerais dos sindicatos ocorreram de forma democrática.
“O Conselho Deliberativo reuniu-se extraordinariamente no dia 26 de maio de 2024 para avaliar o resultado do processo de consulta e, após amplo debate, referendou o processo ocorrido, cuja indicação, pela maioria dos sindicatos federados, foi a aprovação da proposta”, destacou a Proifes no comunicado.
“Seguindo o estatuto e em respeito à maioria, diante dessa indicação favorável, o CD [Conselho Deliberativo] encaminha à Diretoria da Federação para que proceda à assinatura do acordo com o governo federal, na Mesa de Negociação Específica no dia 27 de maio de 2024”, acrescentou a Proifes.
‘Consumação de uma farsa’
O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Gustavo Seferian, chamou de “consumação de uma farsa” a sinalização do governo de assinar acordo, em separado, com outro sindicato. Ele se referia ao Proifes, que já durante a tarde havia sinalizado interesse em assinar um acordo.
O governo apresentou, no último dia 15, como proposta derradeira, reajuste salarial zero em 2024 e índices de correção que variam de 13,3% a 31% entre 2025 e 2026.
A fala indignada do presidente do Andes foi no início da noite, logo após uma reunião no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). A entidade queria protocolar nessa segunda-feira (27) uma contraproposta, com novas reivindicações. Entre elas, a de recomposição salarial, rejeitando a última proposta do governo federal de reajuste zero neste ano. Além disso, uma mesa de negociação permanente para discussão da carreira, entre outras.
O dirigente queria continuar negociando com o governo apesar do fim declarado pelo pelo MGI. Nesta sexta-feira (24), a ministra da pasta, Esther Dweck, da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, havia dito, em entrevista coletiva organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que professores de diversas universidades haviam aderido à proposta do governo. Mas não apresentou um balanço.
Fim da negociação
A ministra se referiu à devolutiva positiva de alguns setores dos docentes para justificar um e-mail que a pasta enviou aos sindicatos na última quarta (22), comunicando o fim da negociação. A mensagem eletrônica, aliás, foi mal recebida pelo Andes-SN. Na ocasião, a entidade sindical afirmou que a mensagem do governo “reforça autoritarismo e ameaça à greve” e que quer seguir discutindo as propostas de reajuste salarial.
Com informações da Agência Brasil