“A lei é mais forte”: CONTEE se engaja na campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher

No sexto ano de vigência da Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, o Governo federal, os poderes Legislativo e Judiciário, os movimentos sociais e as entidades sindicais, entre as quais a CONTEE, têm unido forças no sentido de aprofundar o enfrentamento da violência contra a mulher no país – e que afeta de forma intensa as professoras nas salas de aula.

“Além da violência vivida inúmeras vezes em seus ambientes domésticos, o ambiente de trabalho é também um foco de violência, não só para mulheres, para todos os trabalhadores. Acontece que a área educacional é um ambiente majoritariamente feminino. Podemos estimar 80% de mulheres. Portanto, nesse caso evidencia-se como uma violência contra a mulher”, destaca a coordenadora da Secretaria de Gênero e Etnia da CONTEE, Rita de Fraga Almeida Zambon.

Nesta semana, justamente quando se comemorou o Dia da Consciência Negra – data em que a CONTEE aproveitou para fazer uma reflexão não somente contra o racismo, mas também contra o sexismo -, a Bancada Feminina no Congresso deu início à campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. A mobilização se estende oficialmente até o dia 6 de dezembro, quando acontece, no Distrito Federal, o lançamento da Campanha do Laço Branco, que tem como objetivo sensibilizar e envolver os homens nesta batalha. Com o tema “Compromisso e atitude: a lei é mais forte” e o engajamento de mais de em países, a luta é pela quebra do silêncio, evidenciando que esta é uma questão que fere os direitos humanos.

Para a professora Rita, o maior obstáculo à ruptura dessa mordaça que cala os casos de agressão às mulheres, mesmo depois da Lei Maria da Penha, é o fato de a violência ser praticada, grande parte das vezes, por pessoas próximas, com ligação afetiva com a vítima. “Daí essa violência praticada pode ser superada, uma vez que há a esperança de que não aconteça mais. Um simples abraço, beijo, uma simples flor pode ser instrumento que ameniza e reforça a necessidade de calar e tentar superar”, pondera Rita. “Muitas vezes não se utiliza a lei, não avaliando que a próxima vez será pior. Já esta mais que comprovado que o silêncio e a tentativa de superação não impedem que a violência continue acontecendo.”

Mapa da violência

Os dados são alarmantes. De acordo com o Mapa da Violência elaborado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz – coordenador da área de estudos sobre violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais no Brasil (Flacso Brasil) – e divulgado em 2012, em 30 anos, de 1980 a 2010, 92 mil mulheres foram assassinadas no país, das quais 43,7 mil só na última década. Nesse período, a número anual de mortes no país saltou de 1.353 para 4.465, uma aumento 230%. Num ranking de 78 países, o Brasil ocupa a sétima posição em quantidade de mulheres assassinadas, atrás apenas de El Salvador, Trinidad e Tobago, Guatemala, Rússia, Colômbia e Belize.

Ainda segundo a pesquisa, em relação aos tipos de violência atendidos pelo SUS, a violência física é preponderante, respondendo por 42,4% dos casos. Somada especificamente à violência sexual, em 12,2%, a parcela chega a quase 65%.
Já a violência psicológica responde por 20% dos atendimentos. “Não podemos descartar o tipo de violência como a humilhação, o constrangimento. São tipos de violência que ferem tão fundo, machucam tanto, têm consequências tão graves de saúde e não deixam marcas na pele e são as mais difíceis de ser identificadas, inclusive pela vítima. Ela é agredida e nem se dá conta”, enfatiza a coordenadora da Secretaria de Gênero e Etnia da CONTEE.

Engajamento

Em função disso, Rita destaca o papel social de campanha como a que está sendo promovida pela Bancada Feminina no Congresso e também a responsabilidade política de entidades como a CONTEE. “Qualquer campanha que venha a se opor a qualquer tipo de violência é muito bem vinda. Hoje a mulher vem sofrendo uma violência, por vezes silenciosa, e que lentamente chega a ser fatal”, alerta.

“Temos como Confederação de Trabalhadores em Educação um papel fundamental de contribuir como agentes no combate a essa violência. Com diversos tipos de informação: desde informações básicas – onde são as delegacias de mulher, disque denúncia -, até questões mais subjetivas – quais os tipos de violência que assolam as mulheres hoje e onde podem ocorrer (na rua, transporte público, no ambiente de trabalho, em casa) e por quem (vizinho, filho, marido, namorado, desconhecido, patrão, colega, pai, padrasto, irmão). Mas também trazendo a reflexão sobre as relações de gênero e a grande reprodução de estereótipos feita pelas escolas.

Em função disso, as secretarias de Gênero e Etnia e de Comunicação Social da CONTEE preparam, para 2013, criação de um blog dentro do portal da CONTEE para haver maior interatividade com as secretarias das mulheres das entidades filiadas.

Leia na íntegra a entrevista com a coordenadora da Secretaria de Gênero e Etnia da CONTEE, Rita de Fraga Almeida Zambon

Da redação

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