Um 1º de maio em Havana
O coordenador da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Contee, João Batista da Silveira, foi um dos diretores da Confederação que estiveram em Cuba no início do mês para participar do Encontro Sindical Nossa América (Esna). No artigo abaixo, ele conta um pouco da experiência de passar o Dia dos Trabalhadores em Havana:
Por João Batista da Silveira*
Que impressões poderiam assaltar os pensamentos de um trabalhador da educação no Brasil ao participar da comemoração do dia do trabalhador em Havana? Pois bem, passei por esta experiência durante seis dias no final de abril e principio de maio deste ano.
As impressões são muitas. A disciplina com o horário e a organização. Estas foram as iniciais, a começar pelo horário de saída do hotel, que deveria ocorrer ao amanhecer do dia, antes das 6h.
Na Praça da Revolução, ainda não eram 7h, mas já estava repleta de pessoas. As autoridades, inclusive o presidente Raúl Castro, lá já estavam. Na larga avenida tomada por uma compacta massa humana, contida por uma extensa faixa com a frase “Orgulhosos de nossa obra”.
Ao som do hino nacional cubano, os milhares de trabalhadores até então concentrados, iniciam a marcha. O desfile tem como rumo o palanque das autoridades, de representantes do povo, como estudantes, professores e da delegação de estrangeiros.
Durante 90 minutos os milhares de trabalhadores, em marcha batida, desfilam sob os nossos olhos. Caminhando para o seu final, o desfile agora é incentivado pela “Internacional socialista”. A emoção de cantar a Internacional juntamente com boa parte do povo cubano em plena Praça da Revolução é indescritível.
Voltando às impressões, por mais arguto que seja o pensamento não consegue entender a exata dimensão da realidade. Como entender esta realidade, vindo de um país com dimensões continentais e fronteiras abertas ao mercado, ao se deparar com um povo que vive numa ilha, lutando contra um bloqueio brutal, um dos mais duradouros embargos econômicos da história contemporânea imposto pela maior potência mundial? Qualquer análise, por mais profunda que seja, torna-se superficial.
*João Batista da Silveira é coordenador da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Contee