Trabalho, dignidade e esperança: Homenagem da Contee no 1º de maio
O 1º de Maio é memória, luta, suor, resistência e esperança. É o grito que atravessa o tempo para lembrar que os direitos trabalhistas foram conquistados por mãos calejadas, vozes firmes e corpos que nunca se curvaram. A Contee se soma a essa memória e a essa luta. Somos parte da história viva da classe trabalhadora no Brasil — especialmente de quem faz da educação o seu ofício, o seu chão e o seu horizonte.
A origem do 1º de Maio remonta a 1886, em Chicago (EUA), quando mais de 300 mil trabalhadores paralisaram suas atividades para reivindicar algo essencial e revolucionário: a jornada de 8 horas diárias. Em plena era industrial, jornadas de 12, 14 e até 16 horas eram comuns. A reação do capital foi brutal: repressão, mortes, prisões e a execução de líderes sindicais — os mártires de Chicago.
A tragédia da Praça Haymarket deu origem à consagração do 1º de Maio como o Dia Internacional da Classe Trabalhadora, oficializado pela Segunda Internacional Socialista em 1889. Desde então, a data tornou-se símbolo global da luta por direitos sociais, trabalhistas e humanos.
No Brasil, o 1º de Maio foi reconhecido oficialmente em 1925 e ganhou ainda mais força com as conquistas da classe trabalhadora ao longo do século XX, culminando na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. No entanto, desde a reforma trabalhista imposta pelo governo Temer, em 2017, vivemos um acelerado desmonte desses direitos. Avançam a pejotização, a informalidade, o adoecimento físico e mental, e a precarização generalizada do trabalho — inclusive na educação, pública e privada.
Vemos a multiplicação de jornadas exaustivas e contratos fraudulentos. A juventude ingressa no mercado sem garantias; os mais velhos, descartados como máquinas obsoletas. Trabalhadores por aplicativo seguem invisíveis — sem direitos, sem descanso, sem proteção. As mulheres continuam ganhando menos, enfrentando assédio, violência e tripla jornada. A tragédia do feminicídio ainda mancha nosso tempo com dor e impunidade. Racismo, homofobia, capacitismo e outras formas de opressão continuam estruturando relações sociais e profissionais.
Mas não nos rendemos. Onde há opressão, há resistência. Onde há injustiça, há luta.
Neste 1º de Maio, somamos nossas vozes às que ecoam em todo o país e no mundo. Reafirmamos nossas bandeiras e nossas esperanças. É tempo de reconstrução, de fortalecer a luta por um Brasil mais justo, com trabalho digno e direitos assegurados.
Reivindicamos:
- Redução da taxa de juros, para gerar empregos e impulsionar a renda;
- Valorização real do salário mínimo, assegurando dignidade à base da pirâmide social;
- Fortalecimento das negociações coletivas, pilar essencial da democracia trabalhista;
- Igualdade salarial entre homens e mulheres, com fiscalização e punições efetivas;
- Regulamentação do trabalho por aplicativos, com garantias previdenciárias, segurança e jornada definida;
- Aposentadoria digna, sem retrocessos nem exclusões;
- Valorização do serviço público e regulamentação imediata da Convenção 151 da OIT;
- Combate ao feminicídio, ao racismo, ao assédio e a todas as formas de discriminação;
- Saúde e segurança no trabalho, para que ninguém adoeça ou morra por trabalhar;
- Defesa do meio ambiente com transição justa, que não sacrifique o trabalhador;
- Valorização das empresas públicas, patrimônio estratégico da nação;
- Defesa incondicional da democracia e da soberania nacional, contra toda forma de autoritarismo e entrega.
Reafirmamos também nosso apoio à aprovação do Projeto de Lei que acaba com a jornada 6×1, devolvendo à classe trabalhadora um direito fundamental: o descanso digno, conforme o princípio que inspirou o 1º de Maio — oito horas para o trabalho, oito para o descanso e oito para a vida.
A Contee reitera seu compromisso com a classe trabalhadora da educação e de todo o país. Nossa luta é cotidiana: nas salas de aula, nos sindicatos, nas ruas. Carregamos em nós a chama dos que vieram antes e a esperança dos que virão. Renovamos nosso chamado à unidade, à organização e à ação coletiva.
Que este seja um tempo de renascimento dos sonhos, de avanços concretos e de mobilizações vigorosas. O trabalho não é mercadoria. É vida. E a vida precisa ser plena: com direitos, tempo para viver e respeito para existir.
Que possamos construir, juntos, um novo projeto de país — onde quem trabalha seja respeitado, valorizado e feliz.
A Contee caminha lado a lado com a classe trabalhadora.
Por memória, por justiça, por futuro.
Por um país onde o trabalho não adoece — transforma.
Brasília, 30 de abril de 2025.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee