Semanas depois de ser aplaudido em evento do MEC, governador Mauro Mendes exonera 70 educadores do Estado que se manifestaram em Cuiabá

Quase 70 trabalhadores da educação da rede pública do Mato Grosso foram exonerados pelo Governo do Estado após a paralisação realizada na última quarta-feira (28) pela categoria.

“37 diretores, 17 coordenadores, diretores adjunto e de Delegacia Regional de Ensino, além de 13 secretários. Esse é o total de profissionais exonerados sem motivo e que participaram da Marcha Estadual do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso (Sintep-MT)”, explica Guelda Andrade, Secretária de Assuntos Educacionais da CNTE.

Para ela, o episódio demonstra claramente a intenção do governador Mauro Mendes em punir aqueles que protestaram: segundo Guelda, sete diretores perderam seus cargos horas depois do ato.

“A CNTE lamenta o desrespeito e o autoritarismo. É direito das pessoas se manifestarem livremente e se filiarem a um sindicato. Nenhum profissional deixa de cumprir suas obrigações, todos têm o compromisso de fazer a reposição das aulas. O governador agiu de forma arbitrária”, diz Guelda.

O artigo 8 da Constituição Federal, que trata da liberdade de associação profissional ou sindical, diz que é “vedada ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical”. Guelda afirma que Mendes demitiu os trabalhadores sob justificativas infundadas para mascarar o real motivo que é por terem participado do ato.

“Ele usa seu poder político para indicar diretores e, quando esses profissionais não atendem aos desejos do governador, ele os descarta. Esse é o preço que os trabalhadores pagam pelo rompimento com o processo de gestão democrática. A participação coletiva da comunidade escolar é a ferramenta fundamental para acabar com essa prática coronelista”, denuncia.

Discurso diferente da prática

No dia 12 de junho, em Brasília, Mauro Mendes participou da cerimônia de lançamento do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada,nova política do Governo Federal para promover a alfabetização na idade certa.

Ao se pronunciar em nome de todos os governadores presentes, ao lado do presidente da República e do Ministro da Educação, Mendes elogiou a iniciativa para “recuperar a qualidade da educação pública” e foi aplaudido pela plateia.

“É muito demagógico da parte do governador Mauro Mendes falar o que ele falou nesse evento tão importante ao lado de Lula e de Camilo Santana e, dias depois, ele prejudicar os trabalhadores da educação desta forma”, observa a Secretária Geral da CNTE, Fátima Silva. “Não paga o piso, abre CPI para investigar o Sindicato e, agora, persegue a categoria”, lamenta.

Educação no MT

Para o Sintep, as duas gestões do governador ocasionaram desmonte e sucateamento da educação pública no Estado e foram esses os principais motivos da manifestação e da paralisação que aconteceram no dia 28 de junho, com o tema “Qualidade na Educação se faz com valorização profissional”.

Trabalhadores relatam problemas como redução da carga horária para disciplina de humanas, estrutura precária das escolas, sobrecarga do trabalho, entre outras situações. 

“A minha escola é pequena, as normativas do estado são para 35 alunos por sala, mas no tamanho das salas não cabe 20 estudantes, que qualidade é essa?”, questiona a  professora Esmeralda Miranda, de Rondonópolis, 26 anos de sala de aula.

Da CNTE

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