100 dias: Lula diz que Brasil voltou para cuidar dos que mais precisam
“Voltou a cuidar sobretudo dos brasileiros e brasileiras que mais precisam, e que nesses últimos anos foram as principais vítimas da ausência de governo”, discursou
por Iram Alfaia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que uma frase muita pequena traduz a “enormidade do desafio” que seu governo cumpriu nesses primeiros 100 dias de governo: “o Brasil voltou”.
Na reunião ministerial desta segunda-feira (10), quando se completam os 100 primeiros dias de governo, o presidente disse que o Brasil voltou para trabalhar naquilo que deveria ser a razão de ser de todos os governos: cuidar das pessoas.
“Voltou a cuidar sobretudo dos brasileiros e brasileiras que mais precisam, e que nesses últimos anos foram as principais vítimas da ausência de governo”, discursou.
Sem citar o nome, Lula fez duras críticas a Bolsonaro. “Nós sabemos o que o país passou de 2018 a 2022. As ofensas que o país passou. Que as mulheres sofreram, os negros e negras, os democratas, a Suprema Corte, governadores. Nunca antes um presidente os tratou com tanto desrespeito. Mas a democracia voltou”, assegurou.
De acordo com ele, o Brasil voltou para conciliar novamente crescimento econômico com inclusão social. “Para reconstruir o que foi destruído e seguir adiante. O Brasil voltou para ser outra vez um país sem fome”, disse sob aplausos.
O presidente fez menções diretas aos programas sociais que foram retomados pelo seu governo.
“O Brasil voltou com ações e programas que ajudaram a resgatar a dignidade, a cidadania e a qualidade de vida do povo: Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos, Programa Nacional de Alimentação Escolar, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Pronasci e tantos outros”, enumerou.
O presidente anunciou a retomada do programa Aqui Tem Farmácia Popular, garantindo medicamentos gratuitos e baratos para a população. “E implantaremos a rede atenção médica especializada multiprofissional, perto do usuário que precisa de consultas, exames e cirurgias com menor tempo de espera”, disse.
Disse que os estudantes terão educação de qualidade. “Ampliaremos vagas nas universidades. Retomaremos o Programa Nacional de Assistência Estudantil, que assegura a permanência dos estudantes carentes no ensino superior. Depois de anos congeladas, as bolsas da foram reajustadas”, lembrou.
Também destacou o Programa Desenrola por meio do qual pretende livrar a população mais pobre e a classe média das dívidas. “Com o Programa Desenrola, os consumidores poderão renegociar seus débitos e limpar seus nomes. Vamos trabalhar para que os bancos públicos possam garantir crédito facilitado”, prometeu.
Lula disse que o governo trabalha numa reforma tributária para corrigir as distorções históricas de um sistema de tributação regressivo e injusto para os brasileiros e os entes federados. “E cria um ambiente muito mais dinâmico e descomplicado para o setor empresarial”, completou.
“Foram 100 dias de muito trabalho. Temos mais 1.360 dias para seguir reconstruindo o país. Apresentamos o novo arcabouço fiscal, que traz soluções realistas e seguras para o equilíbrio das contas públicas. Que dá um fim às amarras irracionais do teto de gastos”, destacou.
O presidente pediu aos seus ministros que não se conformem com a desigualdade no país. “Vivemos um país que o povo tinha esperança, precisamos recuperar isso. Precisamos tirar o ódio da cabeça do povo. É a tarefa de trazer o país de volta à civilidade”, cobrou.
“Cada ministra e ministro aqui presente, com suas equipes, merecem o reconhecimento pela entrega em tão pouco tempo. Mas a mensagem principal é a seguinte: se preparem, pois temos de trabalhar muito mais. Quero que vocês façam parte da geração que resolveu os problemas do país”, afirmou.
Bolsa Família
O Bolsa Família, em março, chegou a 21,1 milhões de famílias contempladas, com repasse médio recorde de R$ 670,33 e o investimento inédito de R$ 14 bilhões.
O Minha Casa, Minha Vida resgatou a Faixa 1 do programa, voltada para moradias subsidiadas. A meta é contratar 2 milhões de moradias até 2026.
Na área de infraestrutura, o governo retomou o pacto federativo e passou a equacionar com estados e municípios as prioridades em torno de 14 mil obras que estavam paralisadas em todas os estados.
A merenda escolar teve reajuste de até 39% nos repasses via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O investimento saltou de R$ 4 bilhões para R$ 5,5 bilhões
“Os salários dos professores da educação básica foram reajustados em quase 15%. Bolsas de estudo, pesquisa e formação acadêmica, incluindo graduação, pós-graduação, iniciação científica e de permanência foram reajustadas em até 200%”, diz um balanço do governo.
Demonstrativo
Lula aproveitou para fazer um demonstrativo dos investimentos do seu governo em comparação com a gestão anterior. Por exemplo, até março deste ano o país investiu em rodovias R$ 3,3 bilhões contra R$ 892 mil aplicados pela administração anterior no mesmo período do ano passado.
Em recursos hídricos foram R$ 323 milhões contra R$ 82 milhões; ciência e tecnologia R$ 535 milhões (sem as bolsas) contra R$ 121 milhões; infraestrutura em saúde R$ 141 milhões contra R$ 56 milhões; hidrovias R$ 328 milhões contra 34 milhões; e em habitação R$ 203 milhões contra zero investimento do governo passado.
Meio Ambiente
Lula destacou ainda que o Brasil voltou a cuidar de seus biomas, sobretudo da maior floresta tropical do planeta, com o restabelecimento do Fundo Amazônia e a criação e instalação da Comissão de Prevenção e Controle do Desmatamento.
O meio ambiente voltou a ser tratado com seriedade e o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, passou a receber investimentos estrangeiros.
“A mudança para uma economia de baixo carbono será tratada como estratégia de desenvolvimento. A transformação da estrutura produtiva nacional passará por uma Reindustrialização Verde e Digital. E o combate às mudanças climáticas também se dará nos centros urbanos”, anunciou o presidente.
Na segurança, foi relançado o Pronasci, destinado à prevenção, controle e repressão da criminalidade com foco na promoção da cidadania e no enfrentamento ao feminicídio.
No plano internacional, houve o resgate do prestígio nas relações internacionais e do protagonismo brasileiro.