25 de julho: Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
“Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
‘Por acaso sou negra?’ – me disse
SIM!
‘Que coisa é ser negra?’”
Está resumido no verso “Negra soy!”, da poeta afro-peruana Victoria Santa Cruz, o brado que as mulheres negras latino-americanas e caribenhas entoam não apenas hoje, 25 de julho, seu dia, mas em todos os outros.
“De hoje em diante não quero
alisar meu cabelo
Não quero
E vou rir daqueles,
que por evitar — segundo eles —
que por evitar-nos algum disabor
Chamam aos negros de gente de cor
E de que cor!
NEGRA
E como soa lindo!
NEGRO
E que ritmo tem!
(…)
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
Negra sou!”
Ser mulher negra na América Latina e no Caribe é ser Tereza de Benguela, que liderou o Quilombo Quariterê, nas proximidades de Vila Bela da Santíssima Trindade, primeira capital de Mato Grosso.
É ser María Remedios del Valle, que foi militar combatente na Guerra da Independência da Argentina e considerada a “mãe da Pátria”.
É ser Suzanne “Sanité” Bélair, uma das heroínas da Revolução Haitiana.
É ser Martina Carrillo, uma das líderes das revoltas de negros escravizados nos vales dos rios Chota e Mira, território marcado pelas comunidades afrodescendentes no Norte do Equador.
É ser Solitude, uma das líderes da resistência ao regime escravista na ilha de Guadalupe.
É ser solidão.
E, no entanto, é também não sê-lo, porque é ser muitas, tantas…
é ser tantas Marias Felipas de Oliveiras e Dandaras dos Palmares e Virginias Brindis de Salas e Sara Gomez e Amies Ashwoods Garveys e Marías Elenas Moyanos e Argelias Layas e Beatrizes Nascimentos e Mercedes Argudins Pachecos e Paolas Palacios e Carolinas Marias de Jesus e Shirleys Campbells Barrs e Jades Beatrizes e Manuellas Mirellas e Francias Márques e Chabelas Ramirez e Arys Borges e Beneditas das Silvas e Conceições Evaristos e Solimares Carneiros e Marielles Francos e…
é ser juntas.