81% apoiam investigação sobre a ilegalidade das joias de Bolsonaro, diz Quaest

72% dos próprios eleitores do ex-presidente concordam com PF sobre o caso suspeito

Expressiva maioria dos brasileiros, segundo pesquisa Genial/Quaest, mostra que 8 de cada 10 brasileiros (81%) afirmou ser favorável à decisão da PF (Polícia Federal) de investigar as joias recebidas ilegalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do governo da Arábia Saudita.

Outros 14% disseram que discordam e 5% não sabem ou não responderam. Os números são superlativos em todos os sentidos contra o ex-presidente. A chamada narrativa do ex-chefe do Executivo corroborada por alguns dos ex-ministros e ex-colaboradores dele, definitivamente, não colaram.

A pesquisa mostra também que 72% dos eleitores que votaram no ex-presidente no 2º turno das eleições de 2022 afirmam concordar com a abertura de inquérito da PF para apurar as joias recebidas de líderes estrangeiros pelo ex-chefe do Executivo brasileiro enquanto estava em viagens oficiais ao exterior.

Outros 26% dos que votaram em Bolsonaro disseram não concordar, além de 3% que não responderam ou disseram não saber. O levantamento foi realizado entre 13 e 16 de abril. Foram 2.015 entrevistas e margem de erro estimada de 2,2 pontos percentuais.

ENTRE OS ELEITORES DE LULA

Esses números crescem ainda mais entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A imensa maioria (91%), entre aqueles que votaram em Lula, na segunda etapa do último pleito, também, afirmou que concorda com a investigação da PF sobre o caso.

Apenas 5% não concordam. Entre os que votaram branco ou nulo, 79% concordam, e 10%, discordam.

BOLSONARO TEM CULPA, PARA A MAIORIA

A pesquisa também perguntou aos entrevistados se consideram que o ex-presidente teria culpa no caso das joias: a maior parte delas (46%) afirmou que “sim”.

Para 33%, entretanto, Bolsonaro não teria responsabilidade pelos “presentes” recebidos do governo saudita.

Pela estratificação, segundo voto no segundo turno das eleições de 2022, entre os eleitores de Lula: 74% “sim” e 9% “não”; e entre os eleitores de Bolsonaro: 61% “não” e 16% “tem”.

TRÊS CAIXAS DE JOIAS

O rumoroso caso das joias, que eclodiu no colo de Bolsonaro, depois que a reportagem de o jornal O Estado de S. Paulo, publicada em 3 de março, informou que o governo do ex-presidente teria tentado trazer joias escondidas ao Brasil, sem declarar à Receita Federal, outras duas caixas com joias de alto valor dadas pelo governo da Arábia Saudita foram reveladas.

No início de março, dia 7, a PF teve acesso a documento que mostra a segunda caixa de joias vinda da Arábia Saudita listada como acervo privado do ex-presidente. O novo documento contraria a versão de Bolsonaro, que afirmou que as joias doadas pelo governo saudita seriam encaminhadas para o acervo da União.

Com a declaração da PF, o ex-presidente confirmou que a segunda caixa de joias da Choppard foi listada como acervo pessoal. No entanto, Bolsonaro seguiu negando a ilegalidade das peças.

TERCEIRA CAIXA DE JOIAS

Dia 27 de março, outra reportagem publicada pelo Estadão revelou a existência da terceira caixa de joias. Até então, as autoridades não tinham conhecimento desse outro conjunto. Esse pacote de joias, assim como o segundo estojo, não foram detectados pela Receita Federal no aeroporto e entraram clandestinamente no País. Bolsonaro teria embolsado os dois estojos se não fosse pego com a boca na botija pelas reportagens jornalísticas.

Ao desembarcarem no Brasil, trazidas por auxiliares do ex-presidente, os itens foram encaminhados para o acervo privado do então chefe do Executivo. No documento de registro das peças consta que não houve intermediário no trâmite e que o presente foi visto por Bolsonaro.

A primeira caixa, avaliada em R$ 16,5 milhões, que restou apreendida na alfândega do aeroporto de Guarulhos (SP), no fim de outubro de 2021, o ex-presidente tentou reavê-la até o dia 30 de dezembro de 2022. Segundo reportagem do Estadão, Bolsonaro tentou por 8 infrutíferas vezes reaver o “presente”, que disse ser para a ex-primeira-dama.

Em 6 de junho de 2022, segundo dados do sistema da Presidência, foi feito pedido para que os itens fossem “encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro”. Depois de dois dias, foi confirmado estarem “sob a guarda [privada] do Presidente da República”.

Conteúdo de cada uma das três caixas de joias trazidas pelo governo Bolsonaro da Arábia Saudita:

  • 1ª caixa: conjunto era composto por colar, anel, relógio e brincos de diamante com certificado de autenticidade da Chopard, marca suíça de acessórios de luxo. As peças eram avaliadas em R$ 16,5 milhões. Foram apreendidas pela Receita.
  • 2ª caixa: continha 1 masbaha (espécie de rosário), relógio com pulseira em couro, caneta e anel; e
  • 3ª caixa: mais recente tinha relógio da marca Rolex, de ouro branco e cravejado de diamantes; caneta da marca Choppard prateada, com pedras encrustadas; par de abotoaduras em ouro branco, com brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor; anel em ouro branco com diamante no centro e outros em forma de “baguette” ao redor e 1 masbaha de ouro branco, com pingentes cravejados em brilhantes.

Hora do Povo

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