21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher
Neste período, é fundamental destacar a interseccionalidade, abordando a realidade das mulheres negras que enfrentam não apenas o peso da violência de gênero, mas também a carga da discriminação racial
Por Vitoria Carvalho*
A campanha mundial “16 Dias de Ativismo” teve início no último sábado, 25 de novembro, Dia Internacional pela a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e segue até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. No Brasil, porém, ela começou antes, em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, somando 21 Dias de Ativismo que têm como objetivo combater a violência de gênero no contexto brasileiro, promovendo a conscientização, engajamento e a busca por soluções duradouras.
Durante essas três semanas e meia de mobilização, organizações, defensores dos direitos das mulheres e cidadãos em todo o mundo unem forças para promover a igualdade de gênero e desafiar as normas prejudiciais que perpetuam a violência. É um momento dedicado à reflexão, à educação e à ação, buscando inspirar transformações e conscientizar sobre a gravidade do problema. No Brasil, a campanha 21 Dias de Ativismo enfatiza a importância de políticas públicas eficazes, bem como o acesso a recursos e serviços de apoio, além da necessidade de uma mudança cultural para criar uma sociedade mais justa e segura para todas as mulheres.
O fim da violência contra as mulheres no Brasil é um anseio urgente e essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E não é à toa que, aqui, a campanha começa no Dia da Consciência Negra. É fundamental destacar a interseccionalidade, abordando a realidade das mulheres negras que enfrentam não apenas o peso da violência de gênero, mas também a carga da discriminação racial.
No Brasil, as estatísticas revelam uma triste realidade. Segundo novos dados da Anistia Internacional, as mulheres negras são frequentemente as mais vulneráveis à violência física, psicológica e sexual. A interligação entre machismo e racismo cria uma teia complexa de opressão, impondo desafios únicos para essas mulheres. Portanto, ao discutirmos o fim da violência contra as mulheres, é imprescindível reconhecer e enfrentar as camadas adicionais de discriminação que as mulheres negras enfrentam diariamente.
A luta pelo fim da violência de gênero deve ser uma luta coletiva, que reconhece e aborda as diferentes formas de opressão que as mulheres enfrentam. É fundamental promover políticas públicas inclusivas, que considerem as necessidades específicas das mulheres negras, e investir em educação para eliminar estereótipos prejudiciais que perpetuam a violência.
Além disso, a junção dessa campanha com o mês da Consciência Negra deve servir como um chamado à ação para quebrar o ciclo de violência sistêmica. A promoção da igualdade racial é inseparável da busca pela igualdade de gênero. Ao unirmos forças para erradicar a discriminação racial e de gênero, construímos um caminho mais justo e seguro para todas as mulheres, especialmente aquelas que enfrentam uma interseccionalidade de desafios.
Assim, nestes 21 Dias de Ativismo, renovamos nosso compromisso com a construção de uma sociedade onde as mulheres, especialmente as mulheres negras, possam viver sem o medo constante da violência. Juntos, podemos criar um futuro onde a equidade prevaleça, celebrando a diversidade e respeitando a humanidade em toda a sua riqueza.
*Vitoria Carvalho é estudante de jornalismo e estagiária da Contee