XV CONSIND da CONTEE reúne entidades de todo o Brasil
O XV Conselho Sindical da CONTEE teve início nesta sexta-feira, dia 21/10, na capital paulista, reunindo aproximadamente 300 representantes de entidades filiadas à Confederação de todas as regiões do Brasil. A atividade discutiu, em seu primeiro dia, a conjuntura nacional, internacional e sindical do País, apresentou nova Campanha Salarial Nacional para as negociações do próximo ano e celebrou os 20 anos da CONTEE.
A mesa de abertura foi composta pela Coordenadora Geral da CONTEE, Madalena Guasco Peixoto; pelo Secretário de Finanças da entidade, José Roberto Torres Machado; e, representando as federações filiadas, Silvia Bárbara (FEPESP); Edson de Paula Lima (FITEE), Luiz Alberto Grossi (FETEERJ), Luiz Gambim (FETEESUL), Evaristo Lourenço Pereira (FITRAE-MT/MS) e Waldir Luis (FETRAESC).
Abrindo a atividade, Madalena Guasco destacou que este é um Consind comemorativo, mas também de discussão de grandes questões, desejando “a todos e todas uma ótima permanência em São Paulo e disposição para o debate”. José Roberto fez uma saudação especial em nome dos trabalhadores técnicos e administrativos e ressaltou a importância de comemorar os “20 anos de uma entidade de luta como a nossa”. Ao final, a professora Silvia
Bárbara falou em nome de todas as federações filiadas, desejando “um excelente Consind” e dando boas vindas aos participantes.
Após leitura, foi aprovado o regimento interno e a programação da atividade.
Conjuntura nacional, internacional e sindical
O debate conjuntural foi iniciado com palestra de Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo Silva, “as economias maduras estão no chão” e o Brasil continua crescendo. Para ele, “alterou-se aquilo que, ao longo das nossas vidas, nos acostumamos a ver: a teoria da dependência”.
No enfrentamento da crise mundial, de acordo com o professor, o governo brasileiro colocou os bancos públicos para garantir o giro da economia brasileira e operou uma diminuição da taxa de juros – o que foi considerado pela mídia um ato perdulário, possibilitando, em tese, a volta da inflação. Francisco destacou também que houve uma desoneração fiscal, desde os
automóveis até a chamada “linha branca”, aumento dos investimentos sociais e ampliação dos projetos de construções de obras públicas. “Saímos da crise com crescimento de 7,5% da economia. Entramos e saímos da crise mais rápido e maiores do que os demais países”, acredita.
De acordo com o palestrante, o problema do Brasil está na educação. “Estamos formando apenas de 8 a 12 engenheiros por ano na UFRJ”. E finalizou: “o gargalo do Brasil não são os aeroportos. O gargalo é a educação, que não é levada a sério”.
Em seguida, Selma Rocha, diretora da Fundação Perseu Abramo, afirmou que “a crise econômica trouxe no bolso a xenofobia, a violência”. E citou como exemplo: “a felicidade com que foi anunciada a morte de [Muamar] Kadafi”. Para ela, a discussão sobre a posição do Estado tem relação com a experiência dos movimentos sociais. E destacou que, nesse sentido, enfrentamos um problema de relação de forças “indiscutível”.
Sobre a crise, Selma ressaltou que “não é a toa que os mercados do mundo olham para o Brasil”. De acordo com a palestrante, a superação da crise no País foi “um feito extraordinário, que só foi possível porque distribuímos renda”.
Rocha afirmou ainda que os bens culturais da sociedade não estão à disposição dos pobres e apontou a necessidade de mudanças nessa área, como prioridade para o desenvolvimento nacional. A participante finalizou destacando a importância da realização de uma reforma política, aliada à participação dos movimentos sociais.
Já Aloisio Sérgio Barroso, da Fundação Mauricio Grabois, falou que há um claro declínio da posição americana no sistema de relações internacionais, enquanto se fortalece outro polo, caracterizado pelos países do chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“O sindicalismo busca protagonismo das classes trabalhadoras. A II Conclat foi um marco nesse sentido”. Segundo ele, é preciso fortalecer as propostas unitárias das Centrais Sindicais, politizando os debates e mostrando que “os trabalhadores tem, sim, um projeto de desenvolvimento para o Brasil”.
A Coordenação da primeira mesa de debates do XV Consind foi feita pelo Coordenador Regional Sul da CONTEE, Cassio Bessa, e pela Secretária de Assuntos Educacionais da entidade, Adercia Hostin.
Campanha Salarial 2012
Em seguida foi apresentada, pelo Secretário de Organização e Politicas Sindicais da CONTEE, Fábio Zambon, e pelo publicitário, Fernando Waschburger, a nova campanha salarial nacional, elaborada pela CONTEE, como proposta para as entidades utilizarem em 2012. O tema
da campanha é o aumento real, com objetivo de despertar a mídia e a sociedade para os problemas enfrentados pelos trabalhadores das instituições privadas de ensino. “Se nós todos comprarmos essa ideia, teremos uma campanha salarial muito mais vitoriosa em 2012”, afirmou Zambon.
A campanha foi criada a partir dos encaminhamentos sugeridos durante a realização do IX Seminário Nacional de Campanha e Negociação Salarial da CONTEE, realizado em 11 de agosto, em São Paulo/SP.
A campanha irá trabalhar a contradição entre o cenário positivo na conjuntura nacional versus a resistência patronal às reivindicações de aumento real das categorias, com o posicionamento: “Tem algo errado no ensino privado”. As peças serão compostas por materiais convencionais, impressos, como panfletos, banners e cartazes, e materiais online, com Blog, e-mails informativos para a categoria, ações no Twitter e Facebook, jingles e spots de rádio.
À noite um emocionante ato político celebrou os 20 anos da CONTEE, com a presença de lideranças de entidades nacionais, o lançamento de uma revista especial sobre a trajetória da entidade, um vídeo institucional e a inauguração uma exposição itinerante com fotos históricas da CONTEE. Em breve cobertura completa do ato aqui no Portal.
Fotos: Paulo Fernandes
Daniele Moraes, de São Paulo/SP.