Brasil pede solução pacífica na Síria e orienta cidadãos no país
Itamaraty acompanha ‘com preocupação’ escalada dos conflitos na Síria, após os grupos extremistas anunciarem a tomada de Damasco e a queda do governo de Bashar al-Assad
O governo do Brasil disse neste domingo (08/12) que acompanha, “com preocupação”, a escalada dos conflitos na Síria, após os grupos extremistas anunciarem a tomada de Damasco e a queda do governo de Bashar al-Assad, e apelou por uma solução pacífica.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores orientou todos os cidadãos brasileiros no território que tentem deixar o país por meios próprios até que a situação seja normalizada.
“O governo brasileiro acompanha, com preocupação, a escalada de hostilidades na Síria. Exorta todas as partes envolvidas a exercerem máxima contenção e a assegurarem a integridade da população e da infraestrutura civis”, afirmou o texto.
Segundo o comunicado, “o Brasil reitera a necessidade de pleno respeito ao direito internacional, inclusive ao direito internacional humanitário, bem como à unidade territorial síria e às resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
O Brasil informou ainda que “apoia os esforços para solução política e negociada do conflito na Síria, que respeitem a soberania e a integridade territorial do país”.
De acordo com estimativas do Itamaraty, cerca de 3,5 mil brasileiros vivem na Síria. Até o momento, porém, não há registros desses cidadãos entre as vítimas do confrontos.
“O Itamaraty, por meio da Embaixada em Damasco, permanece monitorando a situação dos brasileiros na Síria. O Itamaraty insta a todos nacionais que se encontrem no país a que busquem sair da Síria”, conclui o comunicado.
Queda de Assad após 24 anos no poder
Grupos extremistas armados da oposição síria lançaram uma ofensiva em larga escala contra tropas do governo nas províncias de Aleppo e Idlib em 27 de novembro. Em 7 de dezembro, os oponentes do presidente sírio Bashar Assad tomaram várias cidades grandes, incluindo Aleppo, Hama, Deir ez-Zor, Daraa e Homs. Na manhã deste domingo, eles entraram em Damasco e as tropas do governo se retiraram da cidade.
Após entrar em Damasco, inclusive interrompendo os aeroportos internacionais da capital e Aleppo e seus voos até 18 de dezembro, as forças extremistas dirigiram-se para o centro da cidade e assumiram o controle da estação pública de rádio e televisão.
Os rebeldes também “libertaram” a prisão militar vizinha de Sednaya, permitindo a saída de detidos que foram presos pelas forças de segurança durante o governo Assad.
Segundo o jornal al-Watan, de Doha, no Catar, os extremistas declararam a imposição de um toque de recolher em Damasco, das 16h no horário local (22h no horário de Brasília), até as 5h (11h no horário de Brasília). Os grupos não especificaram quando a medida seria suspensa.
A escalada fez com que milhares de cidadãos sírios começassem a cruzar a fronteira com o Líbano por meio de postos de controle ilegais, segundo o governador da província libanesa de Baalbek-Hermel, Bashir Khader, à Sputnik.
Transição de poder na Síria
Após os grupos extremistas avançarem sobre a capital da Síria, Damasco, e o governo do presidente Bashar al-Assad cair, o primeiro-ministro sírio, Mohammed Ghazi Al-Jalali, disse estar disposto a “estender a mão” à oposição e colaborar com a “liderança que será eleita pelo povo”.
Como autoridade política síria ainda em Damasco, juntamente com outros 18 ministros, o primeiro-ministro está interagindo com a liderança do grupo extremista, Hayat Tahrir al-Sham, líder das ofensivas em 27 de novembro que levaram à queda de Assad.
A Coalizão Nacional das Forças Revolucionárias e de Oposição Sírias declarou estar trabalhando na transferência de poder na Síria para um “órgão governamental de transição”.
“A Coalizão Nacional confirma à comunidade internacional que continua trabalhando para concluir a transferência de poder para um órgão governamental de transição com plenos poderes executivos, a fim de criar uma Síria livre, democrática e pluralista”, disse a coalizão em um comunicado à imprensa.
(*) Com Ansa, Sputnik, Sputnik Brasil e TASS