Dia do Trabalhador e não do Trabalho | Maurício Ceolin
Por Maurício Ceolin
Primeiro de maio é o dia do Trabalhador e não do trabalho. É dia de homens e mulheres, de gente concreta que quer exercer sua liberdade, e não o dia de uma idéia.
Trabalhador, no sentido restrito e preciso, não é aquele que trabalha. Nem mesmo é aquele que busca garantir a sua subsistência, e a de sua família, com o seu próprio esforço. Trabalhador é aquele que busca manter-se, a si e à sua família, exclusivamente pela sua força de trabalho: ou seja, é aquele que não explora, em qualquer sentido, o trabalho de outro em seu próprio benefício.
Por contraposição e por contradição, o trabalhador é o que tem sua força de trabalho explorada para o benefício de outros.
Esta é a contradição que define as (macro) classes sociais: a dos trabalhadores explorados e a dos exploradores do trabalho. É ela também, a contradição entre trabalho e capital, que estabelece a principal tensão motora da história.
Os grandes sistemas ideológicos também se pautam e de definem por ela. Aos liberais, partidários do capital e pregadores da liberdade (esquecendo-se de dizer seu sobrenome: de exploração), interessa manter e aprofundar a opressão do trabalhador. Aos socialistas, defensores da supremacia do trabalhador, interessa inverter a balança, libertando o trabalhador. À social democracia, pregadora da conciliação entre classes e do estado do “bem estar social” interessa remediar as coisas, pensando que a “paz social” é em si mesma solução do conflito.
Independentemente da posição ideológica do cotidiano, o Dia do Trabalhador é dia de ser socialista!
De fato, embora haja os que prefiram a folga e a festa, Primeiro de Maio deve ser um dia de luta. Um para lembrar a todos (e a nós mesmos ) que não há dignidade no trabalho quando seus frutos são colhidos apenas por alguns; que não há justiça (e nem sequer decoro) na absurda e injuriosa desigualdade de renda entre os trabalhadores e seu empregadores; que não há soluções individuais e que o silêncio e a omissão do trabalhador são armas com que contam os capitalistas para continuar no poder.
* Mauricio Francisco Ceolin é diretor do Sinpro Campinas e Região e professor da PUC-Campinas
Fonte: Sinpro Campinas