Discussão de representação contra Cunha é adiada e golpista segue ganhando tempo na Câmara

Em mais um capítulo na novela Eduardo Cunha e o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, um pedido de vista coletivo realizado nesta quarta-feira (17) adiou o início da discussão da representação contra o presidente da Câmara dos Deputados. O relator Marcos Rogério (PDT-RO) apresentou parecer pela admissibilidade do processo e acatou aditamento apresentado pelo Psol com novas denúncias contra Cunha. A próxima reunião está marcada para a terça-feira (23).

Ontem (16), a defesa de Cunha apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ação solicitando mais tempo para defender o deputado no Conselho de Ética, em mais uma manobra para atrasar a continuidade das investigações e tramitação do processo. A justificativa da defesa é a anulação do parecer do antigo relator do processo, deputado Fausto Pinato (PRB-SP).

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já encaminhou o pedido de afastamento de Cunha ao STF, que notificou o parlamentar na terça-feira. O deputado terá dez dias para apresentar defesa. O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, entregou também ao presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PSD-BA),  documento pedindo afastamento imediato de Cunha da presidência da Casa.

Enquanto isso, Cunha permanece na Câmara dos Deputados – casa que segue apresentando caráter reacionário, conservador e comandada por um parlamentar que claramente interfere no processo que tramita contra ele, e que, por isso, deveria estar afastado do cargo. Janot já afirmou que Cunha “sempre se mostrou extremamente agressivo e dado a retaliações”.

Hoje (17), Cunha sofreu mais uma derrota. O deputado Leonardo Picciani (RJ), aliado do Palácio do Planalto, foi reconduzido ao cargo de líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. Picciani venceu a disputa por 37 contra 30 votos recebidos pelo deputado Hugo Mota, aliado do presidente da Casa, Eduardo Cunha. Dos 71 deputados que estavam habilitados a votar, dois não votaram. No fim do ano passado, Picciani chegou a ser destituído do posto por oito dias em uma articulação patrocinada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e Eduardo Cunha, mas conseguiu reaver o posto com o apoio da maioria da bancada.

Além das acusações de recebimento de propina e quebra de decoro parlamentar, Cunha é um dos protagonistas do movimento golpista que visa o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Não podemos compactuar com um parlamentar como esse no comando da Casa do Povo. Seu julgamento deve ser feito sem que ocorram manobras de poder”, defende a coordenadora da Contee, Madalena Guasco.

 

* Com informações do Vermelho, Agência Câmara Notícias e EBC.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo