Ocupações: a juventude resiste!

Por Miranda Muniz*

A juventude combativa sempre se portou como vanguarda nos momentos mais difíceis da vida de nosso país.

A luta contra a escravatura teve como um dos ícones o poeta Castro Alves que, com 16 anos, divulgava seus primeiros versos contra a escravidão; na causa republicana, a jovem Anita Garibaldi se destacou; na década de 20, o tenentismo, movimento formado por jovens oficiais de baixa patente propunha reformas na estrutura de poder do país, tais como o fim do “voto de cabresto”, a instituição do voto secreto e a reforma na educação pública; na década de 30, sob o comando da UNE (União Nacional dos Estudantes), os jovens foram protagonistas na luta em defesa da estatização do petróleo, através da campanha “O Petróleo é Nosso”; na década de 60, enfrentaram a ditadura e denunciaram o acordo MEC/Usaid que, disfarçadamente, levaria a privatização do ensino superior; no início da década de 80, foram partícipes ativos da luta por “Diretas, Já”, pela anistia e pela redemocratização do país; na década de 90, teve participação decisiva no Fora Collor e contra a ameaça neoliberal ao desenvolvimento democrático do Brasil e sua condição de nação soberana.

Agora, quando o conluio golpista assalta o poder e começa a implantar uma série de medidas de cunho econômico e social regressivo, a juventude combativa não deixa por menos.

De forma criativa, passam a “ocupar escolas e universidades” contra a “reforma do ensino médio”, o projeto da chamada “Escola sem Partido” (ou “Lei da Mordaça”) e a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241 que reduz severamente as verbas para as áreas sociais, notadamente à saúde e à educação.

Como sempre, a primeira reação do governo golpista é ameaçar com atitudes policialescas: o ministro Mendonça Filho (DEM) enviou ofício a todos os dirigentes exigindo a relação dos alunos participantes do movimento. Para o seu desespero, recebeu um sonoro “não” dos dirigentes, além de que tal atitude antidemocrática foi prontamente denunciada pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a qual reafirmou que as ocupações continuariam.

As ocupações já atingem mais de 1200 escolas, principalmente do ensino médio, mas também em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) e universidades. Como um rastilho de pólvora vai se alastrando por todo o Brasil, revelando o alcance nacional da luta.

A mídia hegemônica tenta ignorar o movimento ou, quando destaca, procura criminalizá-lo, como se viu num recente editorial do reacionário jornal O Estado de São Paulo (Estadão) que tentou impingir as ocupações como “atos que são criminosos, por afrontar a ordem jurídica”, e exigiu o uso da polícia contra os estudantes.

Como resposta, a Ubes divulgou uma nota afirmando: “somos lutadores do hoje para garantir um futuro melhor e mais justo para todo o povo brasileiro”.

Pela combatividade e disposição de luta dessa juventude tudo indica que o governo golpista não terá arrego, haja vista a palavra de ordem mais entoada durante manifestações: “Temer seu otário, seu governo é temporário!”.

Como bem ressaltou o editorial do Portal Vermelho, “Os estudantes merecem a inteira solidariedade das forças democráticas e progressistas em sua luta em defesa da educação de qualidade e defesa da democracia seriamente golpeada pelo governo ilegítimo de Michel Temer.” 

*Miranda Muniz é agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça-avaliador federal, dirigente da CTB/MT e presidente do PCdoB de Cuiabá-MT.

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