Derrotar Bolsonaro também é defender a infância
“Nossa esperança no Brasil não apagou”, disse Gilson no evento internacional. “Estamos num cenário de disputa eleitoral. Temos amplas condições de derrotar Bolsonaro, eleger Lula presidente e retomar o projeto de nação que tenha como centrais as políticas públicas para a infância, a juventude e a educação pública”
“Temos clareza de que a humanidade não terá futuro se não tiver um amplo processo de proteção [da infância e da adolescência], com políticas públicas e ações governamentais que assegurem a construção de educação pública e de qualidade, ainda mais nessa fase tão importante das nossas vidas”.
Foi o que defendeu o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, na tarde desta quarta-feira (1°), no encontro internacional “Agenda da infância: para melhorar a vida de meninas, meninos, jovens e adolescentes”, realizado remotamente pela CEA (Confederação dos Estados Americanos) e pela STEs-Intersindical (Confederação de Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras do Ensino), da Espanha.
O dirigente da Contee abordou a realidade educacional em que não há universalidade, que não assegura educação infantil para todas as crianças. Destacou também a votação do ensino domiciliar e a dura realidade conjuntural brasileira.
“Vocês acompanham a situação do Brasil, que é muito delicada e difícil. Estamos enfrentando um governo neofascista, aliado a setores conservadores, grupos ligados a igrejas reacionárias, que têm imposto políticas, na área da infância, de muitas restrições e ataques”, relatou.
“Tínhamos avançado muito nas últimas décadas no que se refere à proteção da infância. Mas muitas leis e programas têm sido destruídos nos últimos 6 anos, desde o golpe de Estado de 2016.”
Crianças fora da escola
Gilson destacou duas questões enfrentadas no Brasil. A primeira foi a não implementação do PNE (Plano Nacional de Educação) e, consequentemente, das políticas de universalização da Educação Infantil para crianças de 0 a 5 anos e 11 meses. “Temos 500 mil crianças fora [da escola] no Brasil, número que aumentou ainda mais no período da pandemia. Um prejuízo imensurável que impactará o próximo período histórico no Brasil”, lamentou.
O segundo destaque foi a aprovação do homeschooling pela Câmara dos Deputados, projeto contra o qual a Contee e as demais entidades defensoras da educação pública e gratuita travam agora batalha no Senado, Casa legislativa que pode revisar o projeto de lei.
“Setores conservadores defendem a tese de que a escola formal desvirtua a educação se seus filhos, na questão política, na questão ideológica, na questão da sexualidade”, criticou.
O que é delírio conspiracionista do presidente Jair Bolsonaro (PL) e daqueles que o seguem de maneira cega e acrítica.
“Esse projeto representa um atraso muito grande no que diz respeito ao processo educacional de nossa infância e juventude.”
Desigualdade educacional
A coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Cristina Castro, também participou do evento e citou matéria publicada pelo Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância), segundo a qual crianças e adolescentes foram os mais afetados pela pobreza monetária no Brasil, na pandemia.
A dirigente da Confederação também ressaltou que no Brasil, diferente do que ocorre em outros países, a iniciativa privada, no âmbito do ensino, “não é uma alternativa, mas uma complementação, o que já discrimina as crianças, as que vão estudar em escola privada e as que vão para a escola pública”.
“Trabalho nos dois segmentos e é visível a diferença na realidade educacional, mas estando dentro de um único País, onde infelizmente a educação de qualidade não está assegurada a todos”, denunciou. “Isso não significa que a educação privada signifique qualidade, mas mais condições e estrutura, justamente porque, quando há cortes no governo federal, esses acontecem diretamente na educação.”
Lula presidente!
É para derrotar esse governo e o desmonte na educação que a Contee lançou nesta quarta-feira o “Manifesto em defesa do Brasil e dos/as brasileiros/as. Lula presidente!”.
“Nossa esperança no Brasil não apagou”, disse Gilson no evento internacional. “Estamos num cenário de disputa eleitoral. Temos amplas condições de derrotar Bolsonaro, eleger Lula presidente e retomar o projeto de nação que tenha como centrais as políticas públicas para a infância, a juventude e a educação pública.”
Táscia Souza