Se já havia o que ‘temer’…

“Reafirmamos a atualidade do imperialismo como o inimigo principal da humanidade. Há um declínio, porém, do império estadunidense, especialmente no terreno político e econômico, que o torna ainda mais agressivo, embora detenha ainda a hegemonia incontestável no campo militar. Os EUA não conseguem mais agir em defesa dos interesses do sistema capitalista no seu conjunto, mas utilizam sua posição enquanto maior economia do mundo para favorecer apenas os interesses dos seus próprios capitalistas e enfrentar a crise da sua economia interna em prejuízo econômico e político, de todos os outros países do mundo.”

O trecho acima faz parte da tese de conjuntura internacional e nacional aprovada em nosso 9° Conatee. Nesse documento, apontávamos também que os “militares continuam a ser, sem dúvida, a carta mais forte dos EUA; na verdade, a principal carta”. E continuávamos: “Hoje os Estados Unidos da América possuem a mais formidável máquina militar do mundo e seu controle da Otan lhe permite exercer essa hegemonia militar com reduzido desgaste diplomático. Os EUA estão aumentando a sua presença militar no Atlântico, no Pacífico e no Oceano Índico. Portanto, Washington está formando uma extensão da Otan na região da Ásia-Pacífico, direcionada contra a China, e no Atlântico, contra o Brasil e toda a América Latina. A superioridade militar e tecnológica do bloco imperialista permite-lhe, com um custo de vidas reduzido, atacar e ocupar países do Terceiro Mundo para saquear os seus recursos naturais, especialmente os petrolíferos. Isso ocorreu já no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Atinge agora a África com a intervenção militar dos EUA em Uganda. Entretanto, em países como o Brasil, onde a política imperialista americana pode entrar por meio institucional, as armas são mantidas em compasso de espera, pois seu controle pode ser muito mais sutil e estável”.

Esse cenário não muda com a eleição de Donald Trump, como também não mudaria casso a eleita fosse Hillary Clinton, que, como secretária de Estado, foi uma das grandes responsáveis pela política intervencionista e belicista dos Estados Unidos no governo Obama. Como analistas do campo progressista já haviam apontado durante todo o processo eleitoral estadunidense, a América Latina não teria o que comemorar com qualquer um dos dois. No entanto, a chegada à Presidência da nação mais rica e poderosa do mundo de um candidato racista, machista, xenófobo e homofóbico como Trump — alguém que não deveria ter tido visibilidade eleitoral em nenhum lugar do mundo — é um indicativo de que a guinada à extrema direita continua e está ganhando mais força e legitimidade, bem como a rejeição à política. Com Hillary, obviamente, não teríamos nenhum avanço, mas Trump encarna o próprio símbolo do retrocesso.

Se já havia muito o que “temer”, agora ainda mais. E, por isso, nossa resistência não pode esmorecer.

Da redação

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