Parabéns professoras e professores do Brasil! | Por Cláudio Jorge
Por Cláudio Jorge*
A Educação, sua importância e seus problemas estão há tempos na pauta dos movimentos sociais, especialmente dos profissionais de educação e dos estudantes, tornando-se pauta dos “iluminados” analistas da imprensa, dos diagnósticos pessimistas sobre o Brasil e seu futuro. Nas recentes campanhas eleitorais, a Educação, junto com a Saúde e a Segurança foram os assuntos mais debatidos. Isso não é por acaso. De fato, e não há quem negue com razão plausível, a Educação pode ser, quando negligenciada, o maior dos problemas, ou a parte mais substantiva da solução das questões relativas ao desenvolvimento socioeconômico, quando tratada como direito social estratégico. A Educação, inclusive, pode ser um fator agravante ou atenuante dos problemas da Saúde e da Segurança.
De anos para cá, nitidamente, verifica-se uma profunda mudança no trato da educação pública no segmento do Ensino Superior (de responsabilidade do governo federal), com o Reuni, com o Prouni e agora com a política de cotas: mais de um milhão de jovens ganharam a possibilidade de estudar nas melhores Universidades Públicas do país.
O Piso Salarial Profissional Nacional para os professores do Ensino Fundamental público trouxe um forte impacto nos municípios menores, onde o salário dos professores era aviltante. A destinação de um terço da jornada semanal para atividades fora da sala de aula, possibilitará a formação continuada dos professores, mais uma vez, da rede pública, o que não ocorre no setor privado. No Ensino médio (governos estaduais) há iniciativas esparsas que têm provocado algum avanço.
Entretanto, a questão mais vital da qualidade de educação ainda parece intocada: a valorização relacionada à formação, ao salário e à carreira do professor!
Em relação ao setor privado a situação é no mínimo lamentável. Na Educação Superior a mercantilização, a financeirização, a desnacionalização, a concentração-centralização das IES apontam para o lucro como principal objetivo. A retirada de direitos através da implantação de pseudo “planos de carreira” reduzem salários e desqualificam o trabalho dos docentes.
Retornando à Educação Básica destacam-se os levantamentos realizados por economistas de agências internacionais e analisados na reportagem do Estado de São Paulo, do último dia 04 de outubro. Os levantamentos mostram que os “Professores brasileiros em escolas de ensino fundamental têm um dos piores salários de sua categoria em todo o mundo e recebem uma renda abaixo do PIB per capita”.
No estado de São Paulo a renda média do professor do ensino fundamental é de US$ 10,6 mil por ano, contra uma renda de US$ 104,6 mil de um professor do mesmo segmento em Zurique.
As cidades de Nairóbi, Lima, Mumbai e Cairo, são quatro exemplos entre as 17, onde salários dos professores são menores do que em São Paulo, uma das cidades mais ricas do Brasil.
Em início de carreira, o salário anual de um professor no País é, em média, US$ 4,8 mil, superior apenas ao praticado no Peru e na Indonésia, onde o salário inicial de um docente é ainda inferior.
Os dados apontados acima que levaram o novo diretor geral da OIT, Guy Ryder, a emitir comunicado no dia 3 de outubro apelando para que governos adotem estratégias para motivar estudantes a se formarem professores.
A situação do Brasil é preocupante também pela falta de professores. O desinteresse pela profissão, hoje desvalorizada e desprestigiada pelos governos e sociedade pode tornar-se um dos principais vetores da ausência de professores formados em suas áreas de saber. Somam-se a isso a formação aligeirada, os baixos salários, a precariedade das condições de trabalho, a intensificação do trabalho, entre outras.
Mesmo com todas as dificuldades, nós professores, continuamos a cumprir um papel fundamental na sociedade, o de formar homens e mulheres com competências técnicas, científicas e, para além da necessidade do mercado, cidadãos solidários, críticos e conscientes.
Apesar de todas as dificuldades que o neoliberalismo impigiu ao sindicalismo, às organizações sociais, aos trabalhadores e ao povo a disposição firme dos trabalhadores em educação e dos seus sindicatos é de luta para que os diferentes setores sociais se organizem e defendam a Educação como uma das principais bandeiras para o desenvolvimento social, econômico, cultural e político do País.
Nossa luta é cotidiana, mas hoje- dia do professor e da professora- nossa mensagem pode ser resumida na frase: “não há sociedade justa sem a valorização dos professores e das professoras”!
* Cláudio Jorge, presidente do Sinpro Campinas e Região e professor da PUC Campinas e do Anglo COC.
Fonte: Sinpro Campinas