Indicada para pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos defende Escola Sem Partido
A advogada e pastora evangélica Damares Alves, assessora parlamentar do senador Magno Malta, foi anunciada hoje (6) como ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo do presidente eleito de Jair Bolsonaro (PSL). O anúncio foi feito pelo futuro ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Damares vai comandar também a Fundação Nacional do Índio (Funai), que deixará o guarda-chuvas do Ministério da Justiça a partir do próximo governo para integrar o seu ministério.
Damares é a favor do projeto Escola Sem Partido, também conhecido como Lei da Mordaça contra os professores. Em vídeo que circula pelas redes sociais, ela ataca o que os conservadores chamam de ‘ideologia de gênero’ e diz que os jovens estariam se suicidando, porque a pretensa ideologia ensinada nas escolas estaria confundindo as crianças “em suas identidades biológicas”. “Estão dizendo para as crianças que elas podem ser pansexuais. Você sabe o que é isso? Vou explicar: é a pessoa que se relaciona com tudo e com todos”, afirma.
“A mesma que diz que o modelo ideal da sociedade é a mulher em casa e o homem trabalhando”, disse a respeito da indicada de Bolsonaro o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) por meio do seu perfil no Twitter.
Com o nome de Damares, o governo eleito completa 21 de seus 22 ministérios, restando agora a definição do Ministério do Meio Ambiente.
A advogada afirmou que terá como prioridade as políticas públicas para mulheres. Segundo ela, o objetivo é avançar nas metas que ainda não foram alcançadas e propôs um pacto nacional pela infância. “A pasta é muito grande, muito ampla e agora a gente está trazendo para a pasta a Funai. Nós vamos trazer para o protagonismo políticas públicas que ainda não chegaram até às mulheres, e às mulheres que ainda não foram alcançadas pelas políticas públicas”, defendeu.
De acordo com Damares Alves, a prioridade será para a “mulher ribeirinha, a mulher pescadora, a mulher catadora de siri, a quebradora de coco”. “Essas mulheres que estão anônimas e invisíveis, elas virão para o protagonismo nessa pasta. Na questão da infância, vamos dar uma atenção especial, porque está vindo para a pasta também a Secretaria da Infância, e o objetivo é propor para a Nação um grande impacto pela infância, um pacto de verdade pela infância”, disse.
A futura ministra negou que dificuldades e controvérsias envolvendo a Funai serão problemas. “Funai não é problema neste governo, índio não é problema. O presidente só estava esperando o melhor lugar para colocar a Funai. E nós entendemos que é o Ministério dos Direitos Humanos, porque índio é gente, e índio precisa ser visto de uma forma como um todo. Índio não é só terra, índio também é gente”, afirmou.
Protesto
Pela manhã, indígenas de diversas etnias, vinculados à Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), estiveram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e protestaram contra a desvinculação da Funai do Ministério da Justiça.
Os indígenas entregaram uma carta a integrantes do governo de transição. Dois representantes do grupo se reuniram com integrantes do futuro governo. Segundo os indígenas, a manutenção da autarquia na pasta da Justiça daria mais segurança na defesa de seus direitos.