“Combate ao desemprego tem de ser obsessão do sindicalismo”, diz consultor
“O desemprego no Brasil é uma doença nacional e tem de ser combatida a todo custo”. A afirmação é do consultor sindical João Guilherme Vargas Netto. Ele aponta, em seu artigo “Obsessão”, os efeitos dramáticos na vida das pessoas e mostra as dificuldades do sindicalismo em enfrentar o drama.
Vargas Netto alerta: “Ao movimento e às suas direções cabe lutar para preservar os empregos atuais e garantir direitos – como tem sido a especialidade secular do sindicalismo, de buscar uma política econômica geradora de empregos, de lutar por ações emergenciais que, sob a impulsão do Estado, criem empregos e de garantir iniciativas capazes de melhorar a situação dos desempregados e subutilizados”.
A Agência Sindical ouviu Vargas Netto. Ele diz:
Pauta estratégica – “Historicamente, o sindicalismo defende os empregados e busca políticas geradoras de emprego junto a governos. Mas não há ações unitárias e efetivas junto aos desempregados. Entendo que esta deve ser a pauta estratégica do movimento, transformada em verdadeira obsessão, que convença também os partidos e os agentes públicos a aderir a ela”.
Estranhamento – “Chamo de estranhamento essa distância entre movimento e a massa desempregada, que tende mais a receber cuidados do Estado, partidos ou de entidades de fundo religioso, como o Exército da Salvação. Mas, mesmo no Estado e nessas entidades, não vemos hoje iniciativas concretas, como frentes de trabalho. Há uma proposta feita pelo ex-governador paulista, Márcio França, de engajar em atividades sociais os jovens dispensados do serviço militar”.
Exemplos – “São poucos os Sindicatos que possuem ações permanentes, ou cíclicas, em apoio aos desempregados. São importantes, mas considero pontos fora da curva”.
Obsessão – “O apelo que faço em meu artigo, para direções conscientes, é que façam do combate ao desemprego uma verdadeira obsessão. E isso pode se dar de várias formas, como frentes de trabalho, política econômica diferente da que aí está e do próprio passe para o desempregado, que em São Paulo é lei. Não sei quem deveria puxar essa luta. Mas algum Sindicato de porte pode começar e irradiar para outras bases. O enfrentamento do desemprego deve coesionar, já, todas as forças sociais e políticas nessa luta”.