Ministros fazem cerimônias em Brasília para transferir cargos a subordinados
Ao todo, governo trocou 10 ministros nesta quinta-feira (31). Lei eleitoral exige saída de ministros que vão disputar eleições
Ao todo, o governo publicou no “Diário Oficial” dez trocas de ministros. A lei eleitoral exige a saída dos ministros que vão disputar as eleições seis meses antes do pleito. O primeiro turno deste ano está marcado para 2 de outubro.
Entre os ministros que deixaram os cargos nesta quinta estão Walter Souza Braga Netto (Defesa), cotado para ser candidato a vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro; Tereza Cristina (Agricultura); Flavia Arruda (Secretaria de Governo); Gilson Machado (Turismo); e Tarcísio Freitas (Infraestrutura).
Mais cedo, nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro organizou um ato de despedida dos ministros e de posse dos substitutos.
No evento, Bolsonaro elogiou ditadores, exaltou feitos da ditadura militar no Brasil e ignorou as mortes e as torturas.
Lista
Veja na tabela abaixo a lista completa dos ministros que deixaram os cargos:
Troca de ministros: quem entra e quem sai
Ministério | Quem entra | Quem sai |
Infraestrutura | Marcelo Sampaio | Tarcísio Gomes de Freitas |
Cidadania | Ronaldo Bento | João Roma |
Mulher, Família e Direitos Humanos | Cristiane Britto | Damares Alves |
Ciência e Tecnologia | Paulo Alvim | Marcos Pontes |
Trabalho | José Carlos Oliveira | Onyx Lorenzoni |
Secretaria de Governo | Célio Faria Júnior | Flavia Arruda |
Agricultura | Marcos Montes | Tereza Cristina |
Desenvolvimento Regional | Daniel de Oliveira | Rogério Marinho |
Turismo | Carlos Brito | Gilson Machado |
Defesa | Paulo Nogueira | Walter Braga Netto |
Fonte: ‘Diário Oficial da União’
As cerimônias de transmissão de cargo
Saiba abaixo como foram as cerimônias em cada ministério:Cidadania
Na transmissão de cargo do Ministério da Cidadania, João Roma exaltou a criação do programa Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família.
“Durante todo esse momento, conseguimos estabelecer uma relação altiva, verdadeira, maiúscula, institucional e que fez com que esse ministério tivesse um espaço imenso no Congresso”, apontou Roma ao lembrar da aprovação do programa no Legislativo.
João Roma também agradeceu o trabalho dos servidores ao longo de sua gestão e citou os desafios com o Ministério da Economia para implementar as ações da pasta.
“Enfrentamos gente muito poderosa. Já na primeira reunião com o presidente, eu lembro quando Paulo Guedes levantou e eu me levantei. Foi um enfrentamento muito intenso. Não teve bola nas costas, covardia. A proposta estava muito clara para que pudéssemos superar o desafio”.
O novo ministro da pasta, Ronaldo Bento, disse se sentir honrado com a nomeação e por substituir João Roma no cargo.
Em seu discurso, afirmou que dará seguimento ao trabalho desenvolvido por seu antecessor e que seguirá os valores defendidos pelo governo federal: “Tenho orgulho de fazer parte deste governo, coaduno com os valores e objetivos colocados pelo nosso presidente Jair Bolsonaro“.
Bento tem 45 anos e é natural de Salvador (BA). Segundo currículo divulgado pelo ministério, é mestre em direito, policial federal e 1º tenente da reserva do Exército Brasileiro.
Servidor público de carreira do Executivo Federal desde 2005, atuou como coordenador do Conselho Estadual de Segurança Pública Portuária e membro titular do Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção do Governo Federal. Também foi ouvidor-geral no Ministério da Justiça e Segurança Pública e chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Cidadania, contribuindo na implantação do Auxílio Brasil.
Ciência, Tecnologia e Inovação
Empossado em 1º de janeiro de 2019 por Bolsonaro, Marcos Pontes deixou o ministério para concorrer a uma vaga de deputado federal por São Paulo. O cargo ficará com Paulo Alvim, que já atuava na pasta como secretário de Empreendedorismo e Inovação.
Na cerimônia, Pontes falou sobre as ações do ministério e lembrou dificuldades com o orçamento com a manutenção de bolsas de pesquisa do CNPQ. ” Falaram do orçamento, reclamei, faz parte da missão de ministro, protegi as bolsas do CNPq”, afirmou.
Ao assumir o cargo, Alvim disse estar disposto a dar continuidade ao trabalho do ministro anterior.
“Sempre vamos brigar por mais recursos. Temos que corrigir o tempo perdido. Aplicar recurso não é gasto, é investimento estratégico. Precisamos de foco e compromisso com os resultados. E esse é um legado dessa gestão”, disse.
Agricultura
Tereza Cristina deixou o cargo de ministra da Agricultura para concorrer ao Senado Federal pelo Mato Grosso do Sul. Agora, ela volta ao posto de deputada federal, que ocupava desde 2015 até ser empossada como ministra da Agricultura em janeiro de 2019.
Na cerimônia desta quinta-feira (31), Tereza Cristina agradeceu o trabalho das equipes do ministério e defendeu a importância da agropecuária para a economia brasileira.
“DNA do Brasil que é o agronegócio, que hoje a gente sabe que traz emprego, gera renda, que é um dos negócios mais pujantes que temos”, afirmou a ex-ministra.
Com a saída de Tereza Cristina, quem assume o comando da pasta é o deputado federal Marcos Montes. Ele foi nomeado secretário-executivo do ministério, considerado o “número 2” da pasta, em janeiro de 2019.
Assim como Tereza Cristina, o novo ministro já foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Montes foi deputado federal por Minas Gerais durante três mandatos. É formado em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e já foi prefeito de Uberaba (Minas Gerais).
Em conversa com jornalistas após a cerimônia de transmissão de cargo, o novo ministro descartou risco de desabastecimento de fertilizantes, mas reconheceu que o tema gera preocupação.
“Estamos preocupados (…) os sinais de melhora do conflito têm acontecido, isso nos dá uma esperança, mas claro que nos enche de preocupação e também cria alternativas pra gente buscar não a autossuficiência, mas a produção maior aqui no mercado interno”, disse Montes.
O receio de escassez de fertilizantes químicos, produto utilizado pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo, é motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que restringiu os fluxos comerciais dos dois países. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil.
Montes disse que vai continuar a agenda de viagens, iniciada pela ex-ministra, para aumentar o comércio de fertilizantes com outros países.
Ainda, segundo o novo ministro, ele já tem viagens agendadas para três países: Marrocos, Egito e Jordânia. Todas para tratar de fertilizantes.
Infraestrutura
Tarcísio Freitas deixou o ministério da infraestrutura para disputar o governo de São Paulo. O cargo ficará com Marcelo Sampaio, que já atuava na pasta com o secretário-executivo do ministério.
Em seu discurso, Tarcísio falou das realizações do Ministério da Infraestrutura na sua gestão e elogiou Sampaio.
“Tá pronto, absolutamente pronto pra missão. Sabe tudo, resolveu problemas difíceis, é ousado, vai escrever o seu nome no ministério”, disse Tarcísio.
Servidor público de carreira, Marcelo Sampaio Cunha Filho tem 36 anos e é o mais jovem a assumir o Ministério da Infraestrutura e pasta análogas. Ele é graduado em engenharia civil e mestre em Transportes pela Universidade de Brasília (UnB), é especialista em Economia do Setor Público e em Gestão Pública.
Em 2008, ingressou no serviço público como Analista de Infraestrutura no atual Ministério da Economia. Foi, ainda, subchefe adjunto de Gestão Pública da Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República.
Cunha atuou por mais de três anos como Diretor de Informações e gestão Estratégica de Transporte na Secretaria de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes.
Desde 2019, era o atual secretário-executivo do MInfra e homem de confiança do então ministro Tarcísio Gomes de Freitas.
Turismo
Gilson Machado Neto deixou o cargo de ministro do turismo nesta quinta-feira (31). Ele pretende concorrer ao Senado pelo seu estado natal, Pernambuco.
Na cerimônia, o agora ex-ministro fez um balanço das ações desenvolvidas à frente da pasta. Ele assumiu o Ministério do Turismo em dezembro de 2020, no lugar de Marcelo Álvaro Antônio.
Quem assumiu o comando da pasta foi o ex-diretor presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Carlos Alberto Gomes de Brito.
Formado em Administração de Empresas e em Administração com ênfase em Marketing, possui MBA em Marketing e Publicidade.
Brito passou mais de 20 anos atuando na iniciativa privada. Durante sua carreira, coordenou as áreas de recursos financeiros, físicos, tecnológicos e humanos das organizações.
Em junho de 2019, ingressou na Embratur para exercer a função de diretor de gestão interna. Com a transformação da Embratur em Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, passou a exercer o cargo de diretor de Gestão Corporativa.
Em dezembro de 2020, o foi nomeado diretor-presidente da Embratur, no lugar de Gilson Machado, que virou ministro na época.