Senadores do PT ecoam o 25 de julho, Dia de luta da mulher negra
Data, instituída em 1992, marca a resistência da mulher negra, que paga preço maior pelos retrocessos do país nos últimos anos
A data é pouco lembrada nos meios de comunicação. Setores que vivem de costas para o Brasil e o centro-sul do continente chegam a torcer o nariz para o 25 de julho. Mas o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha marca a luta e o compromisso históricos do povo mais vulnerável desse canto do mundo. E foi destacado pelo líder do PT, Paulo Rocha (PA).
“Hoje, neste Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, é um momento de reconhecer a luta das nossas companheiras por uma vida digna. O nosso total apoio àquelas que diariamente lutam contra o racismo e a violação da sua cidadania. Viva à mulher negra!”, tuitou o senador, que lembrou propostas do partido em favor das mulheres.
“Priorizamos, por exemplo, as chefes de família no Bolsa Família e no Minha Casa Minha Vida, programas destruídos pelo governo atual. Também é o partido que mais elegeu mulheres negras em 2020. Nosso compromisso com as companheiras é permanente”, ressaltou Paulo Rocha.
Há décadas um símbolo dessa luta no Parlamento, o senador Paulo Paim (PT-RS) iniciou a celebração do 25 de julho antes do recesso, no dia 11, em sessão especial do Senado. Na oportunidade, o senador exaltou a trajetória da líder quilombola Tereza de Benguela, que nomeia a data escolhida, em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana. Tereza liderou por 40 anos, no século 18, um quilombo na região do Vale do Guaporé (MT), ajudando comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão.
“A trajetória de Tereza, a rainha negra do Pantanal, nos lembra que a história da negra no Brasil não é uma história de submissão. Ah, não é! São de corajosas guerreiras! É uma história de lideranças contra a opressão. Uma história de inteligência, garra e competência de gestão com tão pouco. Sob a liderança de Tereza, o quilombo do Quariterê, em Mato Grosso, sobreviveu em pleno século 18. Era ela que liderava. Tereza é um exemplo que foi apagado de nossa história, racista e patriarcal, até ser resgatado como instrumento de valorização da mulher negra”, registrou.
Dois séculos depois, os desafios são semelhantes. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 66% das mulheres assassinadas no Brasil no ano passado eram negras. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dá conta de que 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha de pobreza. Ou seja, as negras se mantêm como as principais vítimas, esmagadas na base de uma pirâmide que paga salários maiores a mulheres brancas e mais que o dobro a homens brancos no Brasil.
“Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, 38% das mulheres negras brasileiras vivem na pobreza. Estão entre aqueles que mais passam fome” – acrescentou Paulo Paim a um quadro agravado nos últimos anos em razão do desmonte das políticas sociais no país.
Também por isso, o senador nominou mulheres negras que, na base da superação, alcançaram reconhecimento em suas áreas. O senador citou intelectuais negras, como Lélia Gonzalez e Esperança Garcia; escritoras como Carolina Maria de Jesus e Maria Firmina dos Reis; intérpretes como Elza Soares, Jovelina Pérola Negra e Clementina de Jesus; atrizes como Ruth de Souza e Chica Xavier; e parlamentares, como Marielle Franco, Antonieta de Barros, entre tantas outras mulheres mencionadas em seu discurso. Paim atacou, ainda, a sub-representação de gênero em postos de comando e em tribunais e parlamentos Brasil afora.
“É preciso realçar a importância, o protagonismo das mulheres negras na história deste país; é preciso dar visibilidade à situação das mulheres negras, às suas demandas, às suas lutas contra toda forma de violência, discriminação, feminicídio” – destacou o senador, que atuou como autor ou relator em 16 projetos de lei sobre temas raciais já aprovados no Senado e que aguardam decisão dos deputados. Entre as propostas de Paim, está a que regula a abordagem de agentes públicos para resguardar direitos humanos e a que acrescenta ao Código Penal agravantes a crimes motivados por racismo.