A atualidade da Comuna de Paris e dos communards

Dando continuidade à série comemorativa dos 150 anos da Comuna, o professor Sílvio Costa, autor do livro “Comuna de Paris. O proletariado toma o céu de assalto”, aborda o significado político da palavra communard e da importância da experiência histórica realizada pelo proletariado francês em 1871:

Communard é uma palavra, ou seja, um conceito francês, atribuído a aqueles/aquelas que ousaram rebelar-se contra a opressão, a dominação de classes, as duras condições de sobrevivência impostas à maioria da população e à entrega da França às tropas prussianas, vencedoras da guerra franco-prussiana. Em tradução livre, são os comuneiros. Porém esta tradução usual não é conveniente, pois empobrece o real significado da palavra francesa. Podemos sinteticamente dizer que são aqueles/aquelas que se identificam com o bem comum, com uma vida solidaria e fraterna, orientada por princípios igualitários. Para melhor entendimento de seu significado, hoje, podemos estabelecer um paralelo com a palavra portuguesa ser de “esquerda”, socialista, comunista. Aqueles e aquelas que almejam e lutam por um mundo mais justo, fraterno e igualitário.

Aproveitando a oportunidade, gostaria de destacar a importância e o papel fundamental desempenhado pelas mulheres nesta experiência que demonstrou as atrocidades a que são capazes as classes dominantes e exploradoras para manter seus privilégios. Mas ao mesmo tempo, mesmo sendo regada com o sangue dos/das communards, é uma demonstração de heroísmo e é um exemplo brilhante sobre a disposição dos explorados e oprimidos em lutar para a eliminação da sociedade de classes, da exploração e opressão.

Aqui, mais uma vez, pelo espaço limitado de que dispomos, e para maior detalhamento e análise, indico a leitura de “Comuna de Paris. O proletariado toma o céu de assalto”, em 3ª edição, e a colaborar com o Projeto Catarse de financiamento coletivo para a publicação deste livro e ajudar em sua divulgação.

A História registra a experiências e imagens da Comuna de Paris em diversos sentidos, seja pelos ensinamentos de sua experiência, seja por ser um acontecimento que encerra a denominada “Era das Revoluções burguesas, seja por anunciar a “Era das Revoluções socialistas” e, até mesmo, pelo farto e rico material bibliográfico, iconográfico existentes e por propiciar o surgimento de várias organizações políticas que conservam suas memórias e que anualmente realizam atividade de rememoração dos acontecimentos vinculados a Comuna de Paris. Entre estas, assume destaque uma que foi fundada em 1888, Les Amis de la Commune, que possui farto e rico material aberto a consulta dos interessados, bastando ir a este endereço eletrônico: https://www.commune1871.org/

Sobre o autor

Sílvio Costa nasceu em Lagolândia, município de Pirinópolis, Goiás, e cursou o primário e o secundário em Anápolis (GO). Em 1974 iniciou seus estudos em Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais, concluindo-os em 1977, como Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Retornando a Goiás em 1978, foi aprovado em concurso, tornando-se professor na área de Sociologia, Teoria e Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, onde leciona até hoje. Em 1992, concluiu curso de especialização em Política Social na Universidade Católica de Goiás e, em 1994, Políticas Públicas, na Universidade Federal de Goiás. Em 1996, na mesma UFG, concluiu o Mestrado em Filosofia e cursou disciplinas nos doutorandos em Sociologia e Política, em Relações Internacionais (América Latina) e Economia Política da União Europeia na Universidad Complutense de Madrid, Espanha.

Dedicando-se às atividades partidárias e sindicais, participou de forma destacada nas lutas contra a ditadura militar. Filiado ao PCdoB desde o inicio dos anos de 1970, atuou na reorganização deste Partido. Foi presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás entre 1980 e 1986 e posteriormente continuou em sua diretoria. Dirigente sindical em Goiás, participou ativamente, neste estado e a nível nacional, a partir do final da década de 1970, do movimento popular e sindical, da Corrente Sindical Classista (CSC), da reconstrução que levou à criação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da CGT (Central Geral dos Trabalhadores), da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Foi da Executiva da CUT-GO de 1991 a 1994. Atuou na retomada da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (FITEE) e na mobilização que levou à criação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).

É autor dos livros Tendências e Centrais Sindicais: o movimento sindical brasileiro de 1978 a 1994 (Editora PUC-Goiás/Anita Garibaldi); Comuna de Paris. O proletariado toma o céu de assalto (Editora da PUC-Goiás/AnitaGaribaldi/Fundação Mauricio Grabois), agora em 3ª edição, e Revolução e contrarrevolução na França. Vol 1: Revolução burguesa e contrarrevolução aristocrática (Editora PUC-Goiás/Anita Garibaldi). Organizou Concepções e formação do Estado brasileiro (Editora PUC-Goiás/Anita Garibaldi), em duas edições, e Estado e Poder Político. Do realismo político à radicalidade da soberania popular (Editora PUC-Goiás), em duas edições e várias reimpressões.

Entende que os comentários, críticas, troca de ideias e polêmicas serão bem-vindos e importantes estímulo ao aprofundamento das ideias, esclarecimentos de dúvidas e contribuições para aprofundar e avançar os conhecimentos pessoais e coletivos e possíveis críticas e autocríticas.

Endereços eletrônicos: silvio.costa.puc.goias@gmail.comsilvio.costa.ucg@gmail.com e silvio.costa.ucg@yahoo.com.br.

Carlos Pompe

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