A educação na trincheira contra o fascismo

Em outubro de 2022, derrotamos o fascismo nas urnas. Quase um ano depois, combatê-lo nas escolas, nas universidades, nas casas e nas ruas continua sendo uma tarefa que se impõe e que precisa ser executada de forma vigilante e permanente. Sobretudo para nós, já que, amendrotado pelo pensamento crítico, ele segue elegendo a educação como alvo e como inimiga.

Foi o que aconteceu na última segunda-feira (25), servidores/as da UFF receberam e-mail anônimo dirigido aos/às professores/as e à reitoria da universidade, o qual, destilando misoginia, homofobia, racismo e intolerância, anunciava um atentado contra a instituição. Foi também o que aconteceu na última sexta-feira (22), quando estudantes do 6º ano do ensino fundamental agrediram uma professora de inglês dentro do Colégio Pedro II, instigados por um “desafio” que circula nas redes sociais — já apontadas como espaços de cooptação de jovens pela extrema-direita —, em que crianças são estimuladas a dar um tapa em professor ou professora e filmar a ação violenta.

Não é de hoje que a Contee denuncia os ataques à educação, que vão desde as tentativas de censurar e criminalizar o magistério até os brutais atendados que já foram cometidos dentro de escolas e os que, como no caso da UFF, continuam sendo anunciados. Tanto é assim que, em 2016 e em 2018, a Confederação lançou as campanhas nacionais contra a Lei da Mordaça e contra a desprofissionalização do magistério, que tinha o lema “Apagar o professor é apagar o futuro”.

Quando crianças de 11 anos agridem uma professora dentro da escola, é seu próprio futuro que estão ferindo. Quando uma universidade como a UFF recebe uma ameaça desse porte, é todo o simbolismo do ensino superior como salva-guarda do pensamento, da ciência, do senso crítico e dos valores democráticos que estão querendo destruir.

Mas não irão.

A Contee expressa sua solidariedade aos servidores da UFF, bem como a professora do
Pedro II, exigindo as providências cabíveis. Além disso, a Confederação repudia com veemência essa e quaisquer manifestações e práticas de intolerância e de violência contra a educação, contra suas instituições e contra pessoas que lutam diariamente pelo ensino público, gratuito e de qualidade socialmente referenciada, com o qual construiremos uma sociedade mais justa e fraterna. Estamos na trincheira ao lado de todos/as que cultivam esse ideal.

Brasília, 27 de setembro de 2023.

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee