A esparrela do fim (que não houve) do Escola Sem Partido
Se alguém caiu na esparrela do fim do movimento Escola Sem Partido, não conhece as forças que agem contra a educação crítica e democrática. A fim de pressionar o governo Bolsonaro, em busca de mais apoio, o grupo havia anunciado, no Facebook, o fim de suas atividades a partir de 1° de agosto. Como já era esperado, o mês começou e eles seguem firmes na perseguição ao magistério. Na data marcada para seu encerramento, aliás, fizeram nova postagem na rede social anunciando que o ESP “obteve os recursos materiais de que necessitava para prosseguir e avançar em sua luta contra a doutrinação, a propaganda e o assédio político e partidário nas escolas universidades”. Em outras palavras, o movimento Escola Sem Partido recebeu contribuições empresariais para continuar praticando a sua doutrinação, a sua propaganda e o seu assédio político e partidário nas escolas universidades, censurando e criminalizando todos os que não seguem sua cartilha.
Para completar, o comunicado informando a continuidade das atividades do Escola Sem Partido afirma que os empresários que decidiram investir em sua proposta foram tocados “pela Providência Divina”. Que empresários são esses?, fica a pergunta. Aqueles interessados da privatização da educação pública? Os que ampliaram seu patrimônio por meio da destinação de recursos públicos para a educação privada com fins lucrativos e de capital aberto? Os que defendem o homeschooling para, pretensamente, poupar crianças e adolescentes da suposta “doutrinação ideológica” e do imaginário “marxismo cultural”, enquanto contemplam mais um nicho de interesse mercantil? Os que querem a aprovação da reforma da Previdência, sem uma educação crítica a confrontá-las nas ruas? Todas as alternativas anteriores?
Mesmo após o fajuto anúncio do fim do Escola Sem Partido, a Contee manteve o combate a esse movimento em seu plano de lutas, aprovado durante o Conatee Extraordinário Messias Simão Telecesqui. O ESP e a mordaça que ele tenta instituir em todo o território nacional por via institucional, seja por meio de projetos de lei ou atuando dentro do próprio MEC, são claramente inconstitucionais e representam um ataque à Constituição e à LDB. Demonstram ainda um desconhecimento profundo do processo pedagógico, uma vez que educação pressupõe, em seu sentido pleno, o incentivo à capacidade reflexiva, ao diálogo, à construção da cidadania, sendo, portanto, uma atividade política por excelência.
Não à mordaça! Sim a uma educação crítica e democrática!
Por Táscia Souza