A voz de milhares nas ruas contra o golpismo e em defesa do Brasil
A chuva que caiu nesta sexta-feira (13) na capital paulista ajudou a lavar a alma dos movimentos sociais, sindicais e estudantis que tomaram, literalmente, a avenida Paulista, centro nevrálgico do mundo financeiro nacional, e rumaram em passeata pela rua da Consolação até a praça da República, numa pacífica, alegre e determinada defesa da Petrobras, da democracia, dos direitos dos trabalhadores e da presidenta Dilma Rousseff. “Este ato é apenas o primeiro dentre muitos que faremos para defender os direitos da classe trabalhadora e do Brasil”, afirma Adilson Araújo, presidente nacional da CTB. Ele diz que o movimento deste dia 13 foi preparado em poucas semanas mas conseguiu enorme mobilização nacional desde o início. “Pusemos os blocos na rua para mostrar aos setores reacionários da sociedade que a classe trabalhadora não aceitará nenhum retrocesso. Golpe nunca mais”, disse ele, no início do ato, na avenida Paulista.
De acordo com o dirigente, na semana que vem o foco da mobilização estará em Brasília. “Iremos ao Congresso Nacional para convencer os parlamentares a derrubarem as medidas provisórias 664 e 665”. Mas nesta sexta-feira, 13, em São Paulo, não houve chuva ou superstição que perturbasse a determinação dos 140 mil manifestantes, segundo as centrais ( a polícia militar estimou em 24 mil pessoas e o Datafolha, 41 mil), que não arredaram pé nem mesmo com a chuva torrencial que caiu sobre a capital paulista no início do ato, às 16 horas, e depois, bem mais forte, às18h30. “O ato está lindo, mas é só o início. Estaremos nas ruas até pormos fim a essa conspiração golpista que a mídia insufla diariamente”, disse Raimunda Gomes, secretária de Comunicação da CTB. “A velha mídia desinforma para manipular em favor de seus interesses”. Para ela, “corrupto tem que ser julgado, condenado e preso, mas as questões da classe trabalhadora devem continuar dando o tom da mudança iniciada em 2003″, diz ela, referindo-se ao início da gestão petista no governo federal.
Também presente no ato, o presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Alberto Broch, afirmou que uma manifestação popular “grande como essa” serve para mostrar que o povo sabe o que quer, mas afirma que é preciso muito mais: “São necessárias muitas manifestações como esta para impedirmos que sejam suprimidos direitos dos trabalhadores”. Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), não sente no ar um clima tenso e de tanta animosidade como uma final de campeonato entre Palmeiras e Corinthians. “Afinal, estamos aqui e marchamos para defender as reformas estruturais de que o país precisa”. O presidente da CTB, Adilson Araújo, reforça a tese ao preconizar a reforma política. “Estamos na rua também em favor de uma reforma política democrática que acabe de vez com o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, fator determinante no combate à corrupção”, diz.
Os manifestantes também não se cansaram de gritar que a Petrobras é nossa e de defender a manutenção dos royalties do pré-sal para a educação e para a saúde. Além dos 10% do Produto Interno Bruto. “A Petrobras é a grande alavanca do projeto de desenvolvimento nacional, a nossa maior empresa e uma das maiores petrolíferas do mundo. O pré-sal tem potencial de elevar a economia brasileira a uma das maiores do mundo e transformar o Brasil num dos maiores produtores de petróleo do planeta”, afirma Divanilton Pereira, secretário de Relações Internacionais da CTB. Para ele, “este ato nos leva a uma nova fase de resistência para impedirmos qualquer retrocesso que possibilite a entrega do patrimônio nacional como se fazia antes”.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes, Vic Barros, reforça a preocupação em afastar potenciais conspirações antidemocráticas. “Parte da oposição quer o terceiro turno e isso se chama golpe. Golpe na democracia, na vontade popular. Esta manifestação mostra a força do povo para manter a estabilidade democrática do país”, diz ela. Força esta que não esmoreceu com chuva nem tempestade, como observou Adilson: “Depois da seca, a chuva caiu com força em São Paulo não encheu a Cantareira, mas também não afugentou o povo aguerrido que reuniu mais de 100 mil na vitoriosa Marcha da Classe Trabalhadora, da Paulista até a Praça da República”. Além da maciça mobilização em defesa da democracia, da Petrobras e dos direitos sociais e trabalhistas, Adilson destaca o grande apoio que veio das ruas à presidenta da República e pela estabilidade política: “O povo fez ecoar em todo o Brasil o ‘Fica Dilma!'”.