Agrogolpistas, PL da Devastação, EUA e ecocídio: como o Brasil pode escapar da cilada

"Brasil conta hoje com o pior e o melhor dos modelos agrícolas do mundo, só precisaria inverter a escolha feita", explica professor da Unicamp

Em sua mais recente obra, intitulada Ecocídio: por uma (agri)cultura da vida, lançada na tarde do sábado (9), em São Paulo, o professor aposentado da Unicamp, Luiz Marques, retoma o histórico do movimento interrompido da criminalização, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) do chamado ecocídio, que se define como a prática de ‘‘atos ilegais ou irresponsáveis cometidos com conhecimento de que há uma probabilidade substancial de danos graves, generalizados ou duradouros, ao meio ambiente, causados por esses atos”.

Segundo o autor, “em um momento de negociações pouco registradas, sumiu esse crime entre as definições a serem julgadas pelo TPI, restando os crimes de guerra e os genocídios, entre outros”. Não é uma coincidência, para ele, o fato de que o Estado de Israel seria, hoje, o Estado com maior número de evidências para uma condenação por essa prática.

O autor centrou seu discurso no que foca seus estudos das últimas duas décadas, em que se especializou em crises socioambientais: ele organiza dados que evidenciam o papel do Brasil no concurso para a efetivação do que se pode entender por Ecocídio Global.

“Curiosamente, o Brasil conta hoje com o pior e o melhor dos modelos agrícolas do mundo, só precisaria inverter a escolha feita. O modelo extensivo de agropecuária, combinando vastas extensões de terra para uma e para outra prática, de forma sucessiva, é responsável pela alta emissão de gases de efeito estufa e pela degradação de elementos como a terra e a água, enquanto, por outro lado, o modelo de agroecologia, hoje aplicado e replicado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é capaz de produzir uma diversidade alimentar suficiente para garantir a segurança alimentar da população, enquanto ainda tem um potencial de restauração da terra e demais elementos da biodiversidade”.

Agrogolpismo

Presente no evento de lançamento como debatedora convidada, a deputada federal por São Paulo Sâmia Bonfim (PSOL) relacionou o tema do ecocídio com dois eventos recentes do plano político nacional: a greve de parlamentares no Congresso Nacional e a sanção presidencial de apenas 63 itens do Projeto de Lei nº 2.159/2021, conhecido como “PL da Devastação”.

A parlamentar avaliou que “não é à toa que esses acontecimentos se alinhem ao tempo desta crise do governo Trump com o Brasil, dado que evidentemente se trata de uma quantidade de parlamentares de um nicho agrogolpista, norteado por acordos feitos por sua base com grandes capitais norte-americanos”.

Também presentes como debatedores estavam o geógrafo Allan de Campos, membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva: Abrasco (Abrasco), e Kallen Katia, engenheira agrônoma, representante do MST.

Da Revista Fórum

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