Alunos contrários e favoráveis à ocupação de escola entram em confronto no DF
Estudantes que ocupam o Centro de Ensino Médio Asa Branca (Cemab), em Taguatinga (DF), entraram em confronto com outro grupo, que quer a desocupação da escola, no início da noite de ontem (31). De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, foram usadas bombas caseiras e coquetéis molotov na ação. Por volta das 22h, ainda havia movimentação no local e a PMDF tentava negociar o que chamou de “impasse” entre os dois grupos. Não há informação sobre feridos no episódio.
Uma militante favorável à ocupação divulgou um vídeo nas redes sociais relatando o ocorrido. Segundo ela, a ação foi iniciada por movimento chamado “desocupa”. Os integrantes desse movimento seriam responsáveis por tentar forçar a saída dos estudantes que ocupam o Cemab.
A ação do grupo de alunos contrários à ocupação ocore às véspera do final do prazo dado pelo Ministério da Educação (MEC) para a desocupação de escolas em que haverá aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos próximos dias e de novembro. Segundo o MEC, o Enem será cancelado nas instiuições que continuarem ocupadas.
De acordo com o MEC, o prazo dado “é para que ainda haja tempo hábil para realização das provas nos locais. Caso as ocupações sejam mantidas, prejudicando os alunos que fariam prova nesses locais, o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira] terá de fazer a prova em outra data para aqueles estudantes que não conseguiram. Não há data definida porque o MEC ainda aguarda que o bom senso prevaleça”, diz o ministério por meio da assessoria de imprensa.
Conforme o último balanço do MEC, divulgado há quase duas semanas, 182 locais de prova estavam ocupados e mais de 95 mil candidatos deveriam fazer o exame nesses espaços. Até o fim da manhã desta terça-feira (1º), o Inep receberá do consóricio responsável pela aplicação do exame um levantamento atualizado dos locais de prova que permanecem ocupados.
Os estudantes que participam do movimento pelo país são contra a Proposta de Emenda à Constituição que limita os gastos do governo federal pelos próximos 20 anos, a chamada PEC do Teto. Estudos mostram que a medida pode reduzir os repasses para a área de educação que, limitados por um teto geral, implicaria na retirada de recursos de outras áreas para investimento no ensino. O governo defende a medida como um ajuste necessário em meio à crise que o país enfrenta e diz que educação e saúde não serão prejudicadas.
Os alunos também são contra a reforma do ensino médio, proposta pela Medida Provisória (MP) 746/2016, enviada ao Congresso. Para o governo, a proposta irá acelerar a reformulação da etapa de ensino que concentra mais reprovações e abandono de estudantes. Os estudantes argumentam que a reforma deve ser debatida amplamente antes de ser implantada por MP.