Anistia Internacional denuncia ‘tortura generalizada’ de prisioneiros palestinos em Gaza

Secretária-geral da entidade, Agnès Callamard, diz que a prática tem resultado na institucionalização de desaparecimentos forçados por parte de Israel

Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (18/07), a Anistia Internacional acusa o governo israelense de desrespeitar as leis para atingir civis na Faixa de Gaza. A ONG afirma que Israel prende palestinos por tempo indeterminado, sem acusação ou processo.

A lei israelense permite deter qualquer pessoa na faixa de Gaza suspeita de ter participado de ataques ou que represente uma ameaça, mas sem a necessidade de provas e de forma indefinida. A secretária-geral da Anistia, Agnès Callamard, classifica a prática de “tortura generalizada”, resultando, em certos casos, na institucionalização de desaparecimentos forçados, segundo ela.

A ONG afirma ter recolhido informações de 27 palestinos presos nestas condições, que foram submetidos a torturas e a outros “tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”. Entre as pessoas detidas arbitrariamente, há médicos, jornalistas e até mães separadas de recém-nascidos.

Em coletiva de imprensa, o ministro palestino encarregado pelos prisioneiros, Qadoura Fares, acusou Israel de realizar “uma guerra de vingança”. Já o advogado do Departamento de Questões dos Detentos, Khaled Mahajneh, denunciou atos de tortura, incluindo estupros, segundo os testemunhos que recolheu.

Questionada pela AFP, as forças israelenses rejeitaram “categoricamente as alegações sobre os maus-tratos sistemáticos de detentos”.

Centros de saúde no limite

Um comunicado da Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), divulgado também nesta quinta-feira, aponta que todos os estabelecimentos de saúde no sul da Faixa de Gaza estão à beira do colapso, devido à ofensiva israelense na região.

“O grande número de vítimas resultante das hostilidades contínuas levou ao limite a capacidade do nosso hospital e de todas as instalações de saúde no sul de Gaza que tratam aqueles que sofrem ferimentos potencialmente fatais”, disse o diretor do CICV em Gaza, William Schomburg.

Segundo ele, os hospitais do enclave palestino foram obrigados a fechar em várias ocasiões. Schomburg ainda afirma o grande número de vítimas ultrapassa “consideravelmente” a disponibilidade de meios e profissionais nos estabelecimentos de saúde.

O comunicado aponta que 85% das intervenções praticadas no hospital da Cruz Vermelha no sul de Gaza dizem respeito a ferimentos diretamente ligados à guerra. “A maior parte dos pacientes foi enviada de volta para suas casas, em zonas superpovoadas, e enfrenta escassez de alimentos e de água potável, o que os torna mais suscetíveis de contrair doenças”, diz o documento.

Novos bombardeios

As forças israelenses bombardearam na quinta-feira campos de refugiados no centro da Faixa de Gaza, bem como o norte do enclave. No mesmo momento, tanques avançam sobre Rafah, no sul. Ao menos 13 pessoas morreram nos ataques.

Em comunicado, Israel indicou que seu exército eliminou dois altos comandantes do grupo Jihad Islâmica na Cidade de Gaza. Segundo as autoridades israelenses, um deles teria participado dos ataques de 7 de outubro de 2023, que resultaram na morte de 1.195 pessoas. Das 251 pessoas sequestradas neste dia, 116 permanecem no enclave e 42 morreram.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, administrado pelo grupo Hamas, atualizou o balanço de vítimas para 38.848 mortos no território palestino desde o início da guerra.

Do Opera Mundi

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