Após comprar 4 faculdades, Devry estuda o Sudeste
Ao anunciar, no início deste mês, a aquisição da Faculdade Boa Viagem (FBV), em Pernambuco, o grupo educacional americano Devry possivelmente tenha ultrapassado a marca dos R$ 100 milhões investidos no Brasil desde que chegou por aqui, em 2009. O negócio colocou a empresa, que tem sede em Chicago, bem próxima da marca de 20 mil alunos nas quatro faculdades que passou a controlar, todas no Nordeste. O próximo passo, entretanto, poderá ser dado rumo ao Sudeste, onde algumas tratativas já estão em andamento.
Presidente da subsidiária brasileira do grupo, Carlos Alberto Filgueiras disse ao Valor que as primeiras experiências já foram suficientes para a Devry lançar-se no maior mercado do país. Ele ressalta, no entanto, que a prioridade continua sendo as regiões Norte e Nordeste, porta de entrada da empresa no Brasil, e onde há pelo menos cinco potenciais aquisições em negociação. Um novo negócio deve ser anunciado ainda no primeiro semestre.
“Quando o grupo percebeu que ficar restrito ao mercado dos Estados Unidos representaria uma perda de oportunidades, o Brasil foi o primeiro país para o qual se olhou. Levando em conta o fato de Sudeste ter um mercado mais maduro, optou-se pelo Nordeste, uma região emergente dentro de um país emergente”, explicou o executivo.
Filgueiras é um dos fundadores da Fanor, instituição cearense adquirida em março de 2009 pela Devry, por cerca de R$ 55 milhões. O executivo acabou incluído no pacote, que veio com as faculdades Ruy Barbosa e Área1, ambas em Salvador. As duas instituições haviam sido absorvidas anteriormente pela Fanor, controlada pelo fundo Pactual Capital Partners (PCP). Quase três anos após a compra, a Fanor conta hoje com pouco mais de 14 mil alunos.
A presença do PCP, diz o executivo, acabou sendo fundamental para o negócio ser fechado. “O mercado de educação do Brasil, de forma geral, sofre de um problema grave de gestão. E a Fanor já tinha uma boa gestão, por conta do private equity”, diz o presidente.
Mas se o modelo de gestão do PCP foi aprovado pela Devry, o mesmo não se pode dizer do modelo de negócio. Filgueiras diz que a empresa americana não pretende ter um sócio financeiro. “Como existe um prazo para sair do negócio, esses fundos fazem de tudo para maximizar o resultado. Nós queremos maximizar a nossa presença. Viemos para ficar”, disse.
Foi nesse contexto que ocorreu a aquisição da FBV, que não teve as cifras reveladas. Se considerado o valor de R$ 7,5 mil pago por cada um dos 11 mil alunos da Fanor, chega-se a algo próximo de R$ 45 milhões na transação que envolveu 100% da instituição pernambucana e seus 5,8 mil alunos.
Fonte: Jornal Valor Econômico