As relações perigosas dos Bolsonaros com a milícia
Na medida em que avançam as investigações sobre as atividades das milícias no Rio de Janeiro vão surgindo indícios de uma estranha e perigosa relação da família Bolsonaro com criminosos milicianos.
Indicado como chefe de milícia e que já foi homenageado por Bolsonaro, Ronald Paulo Alves Pereira, preso na manhã desta terça (22) durante operação que reuniu quase 150 agentes das polícias civil e militar do Rio estão cumprindo mandados de prisão contra milicianos que atuam em bairros pobres da Zona Oeste da cidade. A Operação foi batizada de “Os Intocáveis”. Até aí, a única relação com o presidente seria morarem todos na mesma cidade.
Mãe e mulher do principal suspeito do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, foragido da Justiça, eram (até o último novembro) funcionários do gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), o mesmo que está enrolado até o pescoço com as nebulosas transações financeiras de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor.
A máscara de combatente da corrupção usada por Bolsonaro durante a campanha já caiu por terra, mas as notícias que surgem agora dizem respeito a algo bem mais sério e nefasto. São sinais de envolvimento com o crime organizado.
O foragido Nóbrega, tido pelo MP-RJ como chefe da milícia Escritório do Crime, já foi homenageado na Assembleia Legislativa por Bolsonaro, por sinal o único parlamentar a votar contra a concessão da Medalha Tiradentes a Marielle Franco e também a homenagear outros chefes da milícia. Não é sem razão que crescem as apostas de que o atual governo não vai durar muito.
Homicídios
As informações divulgadas pelo Ministério Público sustentam que alguns dos integrantes do grupo também respondem pelo homicídio de Júlio de Araújo, em 24 de setembro de 2015. Araújo foi executado a queima roupa com disparos de arma de fogo desferido em sua cabeça, no que o MP acredita ter sido um crime de queima de arquivo.
Na denúncia, o MPRJ requer a condenação dos denunciados, incursos, com variações conforme a atuação de cada um, em penas que vão desde acusações de promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa, com pena de reclusão de três a oito anos, e multa; até acusações de assassinatos.
#FlávioBolsonaroNaCadeia X #GloboLixo
Enquanto a “resistência” (termo que tem sido usado para denominar os que se opõem ao governo Bolsonaro) alimenta a tag #FlavioBolsonaroNaCadeia, os aliados do presidente e parte da militância de extrema-direita que ainda sustenta o bolsonarismo preferem não acreditar nos fatos e acusam a Rede Globo (principal divulgadora da Operação policial) de estar perseguindo a família Bolsonaro, para isso estão subindo a tag #GloboLixo.
Por volta do meio-dia desta terça-feira, as duas tags duelavam pela melhor posição entre os 10 assuntos mais comentados do Twitter, com leve vantagem para a tag que sugere a prisão do filho do presidente.
Confira, abaixo, alguns dos tuítes mais compartilhados desta “disputa”: